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A capixaba que se tornou ‘Rainha das Pedras’

Em uma empresa do setor de mineração, mercado historicamente marcado pela predominância masculina, uma mulher quebrou barreiras e hoje se destaca na liderança de mais de 800 colaboradores. À frente do Grupo Corcovado Brasigran, no Espírito Santo, a jornalista especializada em moda Renata Malenza, 49 anos, conquistou respeito e resultados, como a expansão da marca para mais de 40 países. Não foi à toa que ganhou um apelido que carrega sua força e um toque de realeza: “Rainha das Pedras”. A coluna GENTE conversou com a empresária, que falou sobre os desafios de se “encaixar em um modelo mais duro”, analisou seu estilo de gestão e se abriu sobre a ousadia de tornar o bruto em arte.

A RAINHA DAS PEDRAS. “Essa é um apelido que começou em uma feira internacional, em meio às apresentações da empresa. Um parceiro me chamou assim e outros foram repetindo — até virar um apelido carinhoso. No início, achei curioso, mas depois entendi que havia algo simbólico ali: a ideia de representar uma força feminina em um universo bruto. Para mim, esse título carrega não um trono, mas uma responsabilidade de fazer diferente, com coragem, sensibilidade e propósito”.

DESAFIOS. “No início, achava que precisava me encaixar em um modelo mais duro, mais técnico, mais masculino. Mas, com o tempo, percebi que meu diferencial estava justamente na escuta, na intuição, na capacidade de enxergar a pedra para além da função, como expressão. Foi desafiador romper com esse molde e mostrar que há outras formas de liderar — e que elas também entregam resultado”.

FORÇA FEMININA. “Ao longo do tempo, aprendi que a presença feminina transforma. A gente reorganiza a mesa, muda o tom da conversa, traz perguntas que antes não eram feitas. Além disso, firmeza e acolhimento não se anulam. A melhor forma de ganhar respeito é sendo coerente. Não precisa levantar a voz quando a sua postura já comunica força”.

LIDERANÇA. “O desejo de liderar surgiu quando percebi que poderia contribuir com um olhar novo. Quando vi que havia espaço para transformar e não apenas dar continuidade, entendi que fazia sentido assumir esse papel. A liderança veio não só da vontade de manter um legado, mas de reescrevê-lo”.

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GESTÃO. “Meu estilo é colaborativo e muito voltado ao desenvolvimento das pessoas. Gosto de ouvir, de provocar ideias, de inspirar o time a pensar além. Mas, ao mesmo tempo, sou firme com aquilo que considero essencial: respeito, ética, transparência. Para mim, é inegociável tratar as pessoas com dignidade e manter um ambiente onde todos se sintam parte do processo”.

INSPIRAÇÃO. “Como estou sempre em busca de soluções inovadoras no meu ramo, viajar, arte, moda e pessoas é o que mais me alimenta. Além disso, gosto muito de estar no chão de fábrica acompanhando e aprendendo com os processos e isso me traz embasamento para poder oferecer soluções para os especificadores e arquitetos. Nada substitui acompanhar o nascimento de um grande projeto e me energizar nas pedreiras e na fábrica”.

OUSADIA. “Romper com a lógica puramente industrial para apostar na experimentação artística foi uma grande virada. Muitos acharam arriscado, e realmente era. Mas quando vi a pedra se transformar em desejo, em obra sensível através de mesas, cadeiras, peças de decoração, banheiras, entendi que estávamos abrindo uma nova frente para o setor. Hoje, sei que esse frio na barriga era só o começo de algo muito maior. É onde faço o sonho se tornar realidade”.

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Renata Malenza, diretora do Grupo Corcovado Brasigran, na pedreira de Itaúnas
Renata Malenza, diretora do Grupo Corcovado Brasigran, na pedreira de ItaúnasDiego Morales/Divulgação

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