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A aposta da China em clusters urbanos para superar crise imobiliária e modernizar metrópoles

A China decidiu redesenhar suas cidades. Após décadas de crescimento acelerado baseado na expansão imobiliária, o governo de Xi Jinping agora propõe um novo paradigma: investir em cidades inteligentes, integração regional e infraestrutura sustentável.

O objetivo é tornar as metrópoles mais atraentes, eficientes e resilientes até 2035.

A mudança de rumo ocorre em meio ao colapso do setor imobiliário, com gigantes como a Evergrande à beira da falência, milhões de apartamentos vazios e municípios endividados. O Partido Comunista admite que o modelo de crescimento pelo “boom do concreto” se esgotou e quer substituir quantidade por qualidade.

Nos últimos dez anos, as cidades se expandiram em 40% de área, mas hoje acumulam imóveis ociosos e déficits fiscais. O novo plano urbano propõe reverter essa lógica, priorizando reformas habitacionais, revitalização de bairros e infraestrutura moderna, em vez de novas torres residenciais.

Um trem de alta velocidade circula pelo território da cidade de Yantai, na província de Shandong, China, em 30 de junho de 2025
Um trem de alta velocidade circula pelo território da cidade de Yantai, na província de Shandong, China, em 30 de junho de 2025Getty/Getty Images

Segundo projeções oficiais, mais da metade da demanda futura por imóveis virá de reformas e não de construções inéditas. Para viabilizar a transição, será necessário redesenhar a estrutura fiscal, já que governos locais dependiam da venda de terrenos para financiar obras.

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O ponto central do programa são os clusters urbanos: redes metropolitanas formadas por uma cidade-polo conectada a municípios vizinhos por transporte rápido.

Exemplos como o delta do Rio Yangtzé, a Greater Bay Area (Guangdong–Hong Kong–Macau) e Jingjinji (Pequim–Tianjin) devem servir de modelos.

A ideia é integrar mercados de trabalho, consumo e serviços, criando polos de inovação.

A modernização da infraestrutura é outro eixo essencial. Malhas metroviárias em expansão, como as de Shenzhen e Guangzhou, entre as maiores do planeta, mostram o caminho.

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O governo acredita que conexões mais rápidas podem gerar ganhos de produtividade comparáveis aos da Revolução Industrial no Ocidente.

Na parte frontal da imagem está o horizonte da Zona de Desenvolvimento Econômico de Huaqiao, no início da manhã, com o conjunto de arranha-céus de Lujiazui, em Xangai, ao fundo, em setembro de 2025
Na parte frontal da imagem está o horizonte da Zona de Desenvolvimento Econômico de Huaqiao, no início da manhã, com o conjunto de arranha-céus de Lujiazui, em Xangai, ao fundo, em setembro de 2025Getty/Getty Images

Mas o custo é alto: só em obras básicas, como saneamento e drenagem, serão necessários cerca de 4 trilhões de yuan (3 trilhões de reais) nos próximos cinco anos.

A digitalização da gestão urbana é vitrine do projeto. Plataformas superinteligentes, alimentadas por dados e inteligência artificial, já estão em uso em metrópoles como Hangzhou, que utiliza o sistema para reduzir congestionamentos, monitorar a poluição e agilizar emergências.

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O plano também prevê cidades mais resilientes às mudanças climáticas.

Com secas crescentes na região de Pequim e risco de elevação do nível do mar em áreas costeiras, a estratégia inclui construção de reservatórios, reforço de diques e criação de “cidades-esponja”, áreas urbanas capazes de absorver fortes chuvas e evitar enchentes.

A cidade de Xiong’an, concebida como “cidade modelo” de Xi Jinping, é o maior laboratório dessa política.

Recebeu até agora 835 bilhões de yuans (620 bilhões de reais) em investimentos públicos e deveria se tornar um polo tecnológico verde.

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O redesenho das cidades chinesas representa uma guinada estratégica: abandonar o modelo baseado em construção em massa e migrar para urbanização sustentável, clusters regionais e cidades inteligentes.

O sucesso, no entanto, dependerá de fatores cruciais: equilíbrio fiscal dos governos locais, capacidade de atrair investimentos privados, inclusão de migrantes barrados pelo sistema hukou e conciliação entre inovação tecnológica e direitos civis.

Canteiro de obras em Nanjing, província de Jiangsu, China, em 17 de setembro de 2025
Canteiro de obras em Nanjing, província de Jiangsu, China, em 17 de setembro de 2025Veja/VEJA
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