A escritora irlandesa Sally Rooney, uma das vozes mais populares da literatura contemporânea, foi reconhecida pelo prêmio inglês Sky Arts Awards, mas não pôde comparecer à cerimônia em Londres nesta terça-feira, 16 de setembro, por temer prisão. O motivo da preocupação é o laço da escritora com a organização Palestine Action, que o governo inglês qualificou como grupo terrorista em julho após membros vandalizarem motores de duas naves da Força Aérea Real com tinta vermelha. A base aérea atacada é ponto de partida de aviões que vão para o Chipre, onde as forças armadas inglesas já organizaram voos de reconhecimento sobre Gaza.
Rooney cancelou todos seus futuros compromissos dentro do Reino Unido e disse estar recorrendo a advogados para contornar as questões legais que podem afetar a disponibilidade de seu trabalho no país. O prêmio Sky Arts foi recebido pelo editor Alex Bowler e reconhece o trabalho da escritora em Intermezzo. No palco, Bowler leu carta escrita por ela: “Eu queria estar com vocês nesta noite para aceitar a honraria em pessoa, mas por conta de meu apoio a protestos antiguerra não violentos, me dizem que não posso mais entrar no Reino Unido em segurança sem encarar a possibilidade de prisão. Sob tal conjuntura, agradeço a todos ainda mais por honrar meu trabalho de forma tão calorosa e reitero minha crença na dignidade e na beleza da vida humana e minha solidariedade para com o povo palestino”.
Em agosto, Rooney jurou redirecionar parte do lucro de todas suas obras e das adaptações audiovisuais que geraram para a Palestine Action. Desde que a organização foi taxada terrorista, 1.600 pessoas foram presas no país. “Ao passo que a Comissão Investigativa da ONU reconhece que Israel tem cometido um genocídio contra o povo palestino, o trabalho da Palestine Action não poderia ser mais corajoso ou importante. O mínimo que posso fazer é deixar claro meu apoio contínuo e inabalável a eles”, concluiu Rooney na carta.
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