Dmitry Medvedev, que como vice-chefe do Conselho de Segurança da Rússia tornou-se uma das mais radicais vozes do governo de Vladimir Putin, afirmou nesta segunda-feira, 29, que a Europa não podia se dar ao luxo de uma guerra contra seu país e, caso líderes europeus cometessem o erro de desencadear um conflito, Moscou poderia usar armas de destruição em massa.
A Rússia, afirmou o ex-presidente russo em seu canal no aplicativo de mensagens Telegram, não quer guerra, inclusive com a “velha e frígida Europa”, porque “vai contra nossos interesses”. Mas não descartou a possibilidade.
“Eles simplesmente não podem se dar ao luxo de uma guerra com a Rússia”, disse Medvedev, argumentando que a Europa está “vulnerável e dividida” e seus cidadãos de “inertes e mimados”, mas “a possibilidade de um acidente fatal sempre existe”. Tal conflito, segundo ele, “tem um risco absolutamente real de se transformar em uma guerra com armas de destruição em massa”.
Escalada de tensões
Conhecido pela retórica belicosa nas redes sociais, Medvedev fez as novas provocações em meio a tensões progressivas entre a Rússia e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Membros da aliança ocidental liderada pelos Estados Unidos acusaram Moscou de ter cometido uma série de violações graves de seu espaço aéreo, usando drones e aviões de guerra, e alertaram que podem abater aeronaves russas invasoras.
O Kremlin negou as alegações, descartando-as como infundadas. Ainda assim, especialistas apontam para um risco crescente de um confronto direto entre a Otan e a Rússia na Europa.
Em discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, também falou que ações contra seu país não ficariam sem resposta.
“Qualquer agressão contra meu país será recebida com uma resposta decisiva. Não deve haver dúvidas sobre isso entre aqueles na Otan e na União Europeia que estão dizendo aos seus eleitores que a guerra com a Rússia é inevitável”, disse ele.
Anteriormente, a Otan havia declarado que vai usar “todas as ferramentas” para proteger os membros da aliança contra Moscou.
“A Rússia não deve ter dúvidas: a Otan e seus aliados empregarão, em conformidade com o direito internacional, todas as ferramentas militares e não militares necessárias para nos defender e dissuadir todas as ameaças vindas de todas as direções. Continuaremos a responder da maneira, no momento e no domínio que escolhermos”, disse o texto. “Nosso compromisso com o Artigo 5 é inabalável”, concluiu, referindo-se ao ponto do tratado do grupo que afirma que todos os 32 membros devem sair à defesa de um aliado atacado.