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A ameaça contra Trump que nem fede, nem cheira

 

Donald Trump resolveu testar os limites da diplomacia internacional — e do bom senso. Usou a economia americana como aríete para tentar livrar Jair Bolsonaro das garras da Justiça brasileira. E nem assim conseguiu movimentar as placas tectônicas do poder.

Ao anunciar tarifas de 50% sobre importações do Brasil, o ex-presidente dos Estados Unidos transformou um caso judicial em guerra comercial. E não por divergências econômicas ou desequilíbrios cambiais, mas por causa da delação de Mauro Cid e do cerco que se fecha contra seu aliado do trópico. Aparentemente, proteger Bolsonaro vale mais que o café brasileiro ou os empregos americanos.

Foi uma jogada típica de quem está com a mão ruim, mas tenta ganhar no grito. No truco, o nome disso é “mostrar seis” — aumentar a aposta para blefar força. Trump mostrou seis. E ninguém correu.

Em resposta, onze senadores democratas enviaram uma carta dura a Trump. Acusam-no de abuso de poder e alertam: a ofensiva enfraquece a influência dos EUA na região, aproxima o Brasil da China e expõe famílias e empresas americanas a prejuízos bilionários. A diplomacia como escudo da impunidade — esse é o novo normal trumpista.

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Mas a verdade é que a carta, por mais barulho que tenha feito por aqui, não muda nada. Os democratas são minoria no Senado. E o Planalto continua falando sozinho. A Casa Branca se recusa a abrir qualquer canal de negociação com os enviados de Lula. Nem café, nem aceno, nem protocolo — e olha que o café seria nosso. E tudo isso com Eduardo Bolsonaro saracoteando pelos corredores de Washington, gastando seu inglês ruim nos ouvidos alheios, para sabotar qualquer tentativa de diálogo.

O tarifaço também vem embalado por uma nova ameaça: sanções de visto contra autoridades do Judiciário brasileiro. E Trump ainda prometeu retaliar a retaliação brasileira, caso o país decida responder. O que está em jogo, como sempre, não é a política comercial — é o destino jurídico de Jair Bolsonaro.

O governo brasileiro reagiu com frases de efeito. Lula subiu o tom, falou em proteger “ouro, petróleo e minerais”, e reforçou a soberania nacional em discurso inflamado. Soou mais para palanque interno do que para diplomacia externa. A política internacional virou palco de vaidade e improviso.

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Na prática, nada mudou. Nenhuma reunião marcada, nenhum acordo suspenso, nenhum gesto concreto de recuo dos americanos — nem mesmo das empresas que dependem do comércio bilateral. O Brasil não ganhou aliados novos nem fortaleceu os antigos. O tarifaço virou espuma de manchete. Nem fede, nem cheira. Só alimenta manchetes e posts inflamados.

No fim das contas, Trump ganha palanque, Bolsonaro ganha manchete, e o Brasil perde relevância. Sem reação firme, sem projeto de médio prazo, sem articulação regional. A cada provocação, uma nota oficial. A cada ataque, uma viagem inócua.

Enquanto isso, a China segue comprando infraestrutura, portos e influência por toda a América Latina. E os EUA, distraídos com as obsessões pessoais de Trump, entregam de bandeja o que demoraram décadas para construir.

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