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A agenda de Lula que emperra os planos de Haddad

O governo Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta mais uma dor de cabeça fiscal. A derrubada da Medida Provisória do IOF, que previa a arrecadação de cerca de R$ 31 bilhões, abriu um rombo estimado em R$ 46,5 bilhões nas contas públicas — somando frustração de receitas e contenção de gastos.

Diante do impasse, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira que trabalha em conjunto com a Casa Civil para “equacionar o orçamento” e chegar a um acordo com o Congresso. Segundo ele, o governo pretende apresentar alternativas para permitir a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

“Precisamos harmonizar as receitas e despesas, fechar o orçamento direitinho e não ter percalços no ano que vem”, declarou Haddad, antes da viagem do presidente Lula à Ásia.

O rombo e a dificuldade de cortar gastos

De acordo com Robson Bonin, colunista de Radar e comentarista do programa Ponto de Vista, de VEJA, o problema é que o governo não tem disposição política para cortar despesas, preferindo insistir no aumento de impostos e na expansão de programas sociais em pleno ano pré-eleitoral.

“É uma conversa surreal. O governo está em franca campanha de reeleição. Lula gasta como nunca e Haddad tenta achar dinheiro para manter a máquina rodando”, avaliou Bonin.

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O colunista lembrou que, apenas neste ano, Lula fez mais de 50 viagens pelo país e quatro pronunciamentos em rede nacional — todos com tom de prestação de contas e anúncios de novos programas. O mais recente deles, lançado nesta semana, prevê R$ 9 bilhões em crédito para reformas de moradias populares, em parceria com a Caixa Econômica Federal e o Ministério das Cidades.

“O ministro da Fazenda está discutindo como arrumar recursos para manter a engrenagem eleitoral do presidente. O governo não fala em corte de gastos, apenas em arrecadar mais para gastar mais”, disse Bonin.

O plano: cortar no bolso dos parlamentares

Para compensar parte do prejuízo da MP do IOF, o Planalto estuda contingenciar as emendas parlamentares, que somam cerca de R$ 50 bilhões anuais. A proposta, porém, ampliou o atrito com o Congresso, onde deputados e senadores enxergam o movimento como uma tentativa de preservar o caixa do governo às custas do Legislativo.

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“Por que o governo pode ter todos os recursos para gastar com programas e viagens eleitorais, e o Congresso é que precisa cortar na própria carne?”, questionou Bonin.

A manobra também expõe o desequilíbrio entre a retórica de austeridade e a prática expansionista do governo. Com as despesas travadas por pisos constitucionais e benefícios sociais, Haddad tem cada vez menos margem para ajustar as contas, enquanto a ala política do Planalto pressiona por mais gastos sociais e investimentos visíveis.

Uma economia voltada à reeleição

Na avaliação de Bonin, o discurso de Haddad sobre responsabilidade fiscal contrasta com a realidade de um governo focado em resultados políticos imediatos.

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“O dinheiro que existe hoje vai quase todo para sustentar o projeto de reeleição de Lula. Não há esforço real para conter despesas, só para justificar novos gastos”, afirmou.

Com a LDO travada, o déficit projetado ampliando e as relações com o Congresso tensionadas, o Planalto tenta ganhar tempo — e empurrar as decisões mais impopulares para depois da viagem presidencial.

Enquanto isso, a economia segue em compasso eleitoral, e o ministro da Fazenda, em vez de planejar um ajuste, parece encarregado de fazer malabarismo fiscal para manter viva a campanha antecipada de Lula.

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