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Ao lado de Netanyahu, Trump anuncia plano e diz estar ‘perto’ de acordo para paz em Gaza

O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, apresentou nesta segunda-feira, 29, um plano para o fim do conflito em Gaza. O documento, que ainda não foi aceito pelo grupo militante palestino Hamas, prevê a criação de uma administração de transição, com supervisão internacional, e a libertação de todos os reféns israelenses — acredita-se que apenas 20 dos 48 sequestrados mantidos pelos militantes ainda estejam vivo — em até 72 horas após a aceitação da proposta, em troca de mais de 1.900 prisioneiros palestinos.

Sob o documento, apresentado após encontro de Trump na Casa Branca com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que já aceitou a proposta, Gaza passará por reconstrução com apoio de um comitê composto por palestinos qualificados e especialistas internacionais, com supervisão e supervisão de um novo órgão internacional de transição, o “Conselho da Paz”, que será liderado e presidido por Trump, com outros membros e chefes de Estado a serem anunciados, incluindo o ex-primeiro-ministro Tony Blair.

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A divulgação do plano se dá em meio ao envio de sinais de impaciência com o prolongamento da guerra por parte dos EUA. Ainda na última semana, representantes americanos distribuíram a proposta a representantes da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Catar, Egito, Jordânia, Turquia, Indonésia e Paquistão, de acordo com o enviado especial americano, Steve Witkoff, com resultados “muito bons”, segundo Trump.

Sob a proposta, a ajuda humanitária, atualmente limitada por Israel, seria ampliada. A distribuição de alimentos, medicamentos e materiais seria feita pelas Nações Unidas e outras entidades internacionais, como o Crescente Vermelho.

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“Muitas propostas de investimento bem pensadas e ideias de desenvolvimento interessantes foram elaboradas por grupos internacionais bem-intencionados e serão consideradas para sintetizar as estruturas de segurança e governança necessárias para atrair e facilitar esses investimentos que criarão empregos, oportunidades e esperança para o futuro de Gaza”, diz o texto.

O documento deixa delimitado que Israel não anexará a Faixa de Gaza e forças israelenses se retirariam gradualmente da área. A reunião entre os líderes ocorre semanas após Netanyahu aprovar o controverso plano de um território chamado E1, entre Jerusalém e o assentamento de Maale Adumim, condenado pela comunidade internacional. A retomada do E1 prevê a construção de milhares de unidades habitacionais, estradas e modernização da infraestrutura. A empreitada é estimada em cerca de US$ 1 bilhão (mais de R$ 5 bilhões). A medida pode tornar inviável a criação do Estado da Palestina e dividirá a Cisjordânia, isolando Jerusalém Oriental.

Netanyahu e Trump discordam sobre o futuro da Cisjordânia. Na última quinta-feira, 25, o presidente dos EUA disse a repórteres no Salão Oval que não permitirá que Israel anexe o país, advertindo: “Não. Não permitirei. Não vai acontecer. Já chega, é hora de parar agora”. Em clima de tensão, uma delegação de colonos israelenses foi até os Estados Unidos neste domingo em busca de uma reunião com Netanyahu. O objetivo seria pressionar o primeiro-ministro a desafiar o alerta de Trump contra a anexação.

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Isolamento internacional

Netanyahu enfrenta isolamento internacional em reflexo à escalada da violência em Gaza, onde mais de 65 mil pessoas foram mortas — 440 por fome, incluindo 147 crianças — desde a eclosão da guerra. Na semana passada, França, Reino Unido, Canadá, Austrália e Portugal reconheceram o Estado da Palestina como forma de fortalecer a solução de dois Estados e de condenar a catástrofe humanitária palestina. Mais de 140 países dos 193 países-membros da ONU, incluindo o Brasil, reconhecem a Palestina.

A medida é condenada por Israel e pelos EUA — a missão americana, inclusive, vetou todas as resoluções do Conselho de Segurança sobre o futuro de Gaza. Ao subir no púlpito da Assembleia Geral das Nações Unidas, Netanyahu foi recebido com vaias e aplausos, reflexo da polarização sobre o conflito. Em protesto, algumas delegações, incluindo a brasileira, deixaram o recinto durante o discurso do premiê.  

Em paralelo, o primeiro-ministro israelense é alvo de um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI). Em novembro, a corte sediada em Haia, na Holanda, disse que encontrou “motivos razoáveis” para acreditar que Netanyahu tem responsabilidade por crimes de guerra, incluindo “fome como método de guerra” e “crimes contra a humanidade de assassinato, perseguição e outros atos desumanos”.

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