Tirando o convite para ter Alexandre de Moraes de vice na chapa de 2026 — Eduardo Bolsonaro, aliás, já pode encerrar sua batalha contra o ministro nos Estados Unidos –, Jair Bolsonaro surpreendeu ao admitir, no depoimento dado ao STF, ter sucumbido aos piores instintos no fim de seu mandato, em 2022.
Seguindo a orientação de seus advogados, primeiro ele tentou fazer parecer que a trama golpista era, na verdade, um movimento de democratas que, preocupados com o país, cultivaram inconfessáveis ideias, mas apenas em pensamento. Será?
Vencido nas urnas por Lula, Bolsonaro convocou militares para uma missão impossível. Segundo o depoimento, queria encontrar na Constituição brasileira uma brecha para que um presidente derrotado nas eleições seguisse no poder mesmo após o fim do mandato, barrando a assunção do eleito. Tudo dentro das quatro linhas… de um clássico golpe.
O plano não vingou porque não havia “vontade”. Em outros termos, Bolsonaro ficou sem apoio político, sem maioria nas ruas e sem a adesão de comandantes militares — o que foi determinante para o fracasso da aventura golpista.
“Não existia essa vontade. O sentimento de todo mundo era de que não tínhamos mais nada o que fazer. Se tivesse que ser feito alguma coisa seria lá atrás, via Congresso Nacional. Não foi feito, então, tínhamos de entubar o resultado das eleições”, disse Bolsonaro.
Ao admitir que discutiu a minuta do golpe com militares, Bolsonaro assumiu que pensou, sim, em formas de se manter no poder. A minuta do golpe, é sempre bom lembrar, não era um inocente decreto de Estado de Sítio, previsto na Constituição, e conduzido por diferentes autoridades da República. Tinha cantos muito mais obscuros em seus parágrafos, como VEJA revelou em junho do ano passado.
Veja como seria o “início das operações”, uma vez decretado Estado de Sítio e instalada no país, por ordem de Bolsonaro, uma GLO que daria aos militares o “poder moderador” sobre os poderes da República:
