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Setor elétrico discute futuro da matriz brasileira entre expansão do mercado livre e desafios técnicos

O setor elétrico brasileiro vive um momento decisivo. De um lado, a expectativa pela abertura integral do mercado livre de energia; de outro, as incertezas sobre como conciliar expansão das fontes renováveis com a segurança do sistema. Esse foi o tom das falas de Alexandre Ramos, presidente da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), e de Max Xavier Lins, presidente da Delta Energia, durante o Veja Fórum de  Energia Elétrica.

Ramos reforçou que o consumidor deve estar no centro desse processo. “Acreditamos em uma abertura que deverá ter como pilar principal o protagonista de nossos esforços: o consumidor. Um consumidor cada vez mais conectado, consciente, participativo e atento à sustentabilidade”, afirmou. Para ele, a abertura representa um dos maiores avanços institucionais das últimas décadas. “Estamos falando da viabilização efetiva da migração de 92 milhões de unidades consumidoras, que passarão a ter o direito de escolher de quem comprar sua energia, negociar, comparar ofertas e buscar soluções alinhadas ao seu perfil de consumo.”

Ele destacou ainda o papel da CCEE nesse movimento. “Estamos prontos. A CCEE está preparada para viabilizar a abertura do mercado livre para todos os consumidores brasileiros”, disse, ao defender que o marco legal e os ajustes regulatórios sejam definidos o quanto antes.

Max Xavier Lins, por sua vez, apresentou uma visão mais cautelosa sobre os caminhos da transição energética. “O Brasil atingiu em 2024 a marca de 94% de geração elétrica a partir de fontes limpas. Esse é um sonho de todos os países. Mas isso não significa que não temos problemas”, ponderou. Para ele, o excesso de subsídios é o principal problema. “Esse crescimento baseado em incentivos é a causa raiz das distorções. Costuma-se dizer que o déficit é o filho bastardo do subsídio, e é verdade.”

O executivo também alertou para riscos operacionais. “Operar um sistema elétrico com múltiplas fontes em um país continental é uma tarefa complexa. A enxurrada de fontes intermitentes, como solar e eólica, traz distorções que enfraquecem outras tecnologias. Energia não é toda igual. Hidrelétricas e térmicas oferecem atributos que as renováveis intermitentes não têm, como a inércia elétrica, fundamental para a confiabilidade.”

Ao finalizar, Lins fez um apelo por pragmatismo na formulação das políticas energéticas. “O Brasil tem tudo para ser líder na transição energética. Mas precisamos resolver nossos problemas de curto prazo. O futuro não tem que ser verde, ele pode ser verde, se fizermos as escolhas certas.”

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