Executivos com posições de referência no setor elétrico brasileiro abriram o Veja Fórum de Energia Elétrica, nesta segunda-feira, 29, alertando para os prejuízos causados por subsídios à geração distribuída de energia elétrica. “O setor está sendo colonizado por interesses que não são da sociedade ou do consumidor”, diz Paulo Pedrosa, presidente da Abrace, associação que representa os maiores consumidores de energia do país. Segundo a entidade, incentivos concedidos para a geração distribuída geram distorções no sistema elétrico nacional de modo a torná-lo profundamente ineficiente.
A geração através de fontes de energias intermitentes — que são produzidas apenas durante o dia ou quando há vento, como as energias solar e eólica — estimula o problema do curtailment — quando o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) precisa promover cortes na geração de energia para estabilizar o sistema durante o dia. A presidente da Elera Renováveis, Karin Regina Luchesi, lembrou o apagão de agosto de 2023 ao comentar o tema. “Precisamos endereçar isso se não vamos ter uma crise operacional-técnica e o setor será inoperante”, diz.
Paulo Pedrosa utiliza o exemplo dos carros elétricos e dos painéis solares adquiridos por brasileiros de alta renda para exemplificar as distorções de incentivos no sistema elétrico. “Estamos criando um modelo insano em que o brasileiro rico compra um carro elétrico importado e o carrega com um painel solar importado recebendo um subsídio de 1200 reais por mês”, diz. O subsídio adquirido pelo cidadão de alta renda, lembra o executivo, é superior aos benefícios concedidos aos mais pobres, o que reforça a distorção do sistema.