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Após campanha turbulenta, partido pró-Europa surpreende ao vencer eleições na Moldávia

O Partido de Ação e Solidariedade (PAS), que governa a Moldávia, venceu as eleições no domingo 28, o que significa que a nação vai manter por ora a tendência pró-Europa em detrimento da pró-Moscou. O resultado surpreendente ocorre após uma campanha turbulenta, marcada por acusações de interferência russa, em suposto favorecimento da principal sigla da oposição, Bloco Patriótico.

Com quase todas as urnas apuradas, o PAS, da presidente Maia Sandu, ficou com 50,2% dos votos. O Bloco Patriótico obteve 24,2% de apoio à sua campanha que buscava aproximar a Moldávia – uma pequena ex-república soviética localizada entre a Ucrânia e a Romênia – da Rússia.

“O povo da Moldávia escolheu a democracia, a reforma e um futuro europeu, diante da pressão e da interferência da Rússia”, disse Antonio Costa, presidente do Conselho Europeu, que representa os 27 Estados-membros da UE, no X.

Os líderes da França, Alemanha e Polônia, em uma declaração conjunta, também parabenizaram a Moldávia pela “condução pacífica das eleições, apesar da interferência sem precedentes da Rússia, incluindo esquemas de compra de votos e desinformação”. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, comemorou efusivamente o resultado, afirmando que Moscou não conseguiu “desestabilizar” a Moldávia.

“Manipulação”

Moscou, que nega todas as acusações de interferência, por sua vez, acusou as autoridades moldavas de impedir centenas de milhares de seus cidadãos que vivem na Rússia de votar, fornecendo apenas duas seções eleitorais para a grande diáspora. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, observou que algumas forças políticas na Moldávia haviam denunciado violações do processo democrático.

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“Até onde sabemos, algumas forças políticas estão declarando seu desacordo. Elas estão falando sobre possíveis violações eleitorais”, disse ele, ao ser questionado se a Rússia reconheceria os resultados.

Leonid Slutsky, chefe da Comissão de Assuntos Internacionais do parlamento russo, reiterou a posição do governo no app de mensagens Telegram. “Houve violações de direitos e liberdades eleitorais, expurgos em larga escala do espaço político e falsificações flagrantes. O regime de Sandu está levando a Moldávia pelo caminho da Ucrânia”, ele escreveu.

Líderes do PAS classificaram a eleição de domingo como a mais importante desde o pleito em seguida da independência da União Soviética, em 1991. O governo de Sandu afirmou que a Rússia tentou influenciar a votação por meio de desinformação generalizada e compra de votos. Moscou, por sua vez, acusou o campo pró-Europa moldavo de tentar manipular os resultados eleitorais.

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O colíder do Bloco Patriótico, Igor Dodon, ex-presidente moldavo, convocou protestos contra o resultado das eleições. Nesta segunda-feira, uma multidão de cerca de 100 pessoas se reuniu em frente ao parlamento, onde Dodon afirmou que seu partido havia apresentado documentos à Comissão Eleitoral Central comprovando violações do processo eleitoral. Entre elas, ele diz, mais de 200 mil eleitores da Transdniestria, uma região separatista pró-Rússia, teriam sido impedidos de votar.

“A eleição mostrou que o PAS perdeu novamente o voto dentro do país. O PAS está se agarrando ao poder por meio dos votos da diáspora”, disse Dodon, referindo-se ao grande número de moldavos que vivem e trabalham na União Europeia.

A Moldávia oscila há muito tempo entre a Rússia e a Europa. O Bloco Patriótico e outros grupos de oposição buscam explorar a indignação dos eleitores com a crise econômica e o ritmo lento de reformas – queixas agravadas pelo que as autoridades dizem ter sido uma campanha de desinformação generalizada.

A inflação permanece teimosamente alta, em torno de 7%, enquanto os moldavos também arcam com custos mais altos com energia importada devido a punições contra a Rússia por conta da invasão à Ucrânia. Além disso, atender aos rigorosos critérios de adesão à União Europeia será muito difícil para a Moldávia, um dos países mais pobres da Europa.

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