De janeiro a junho, o Rio de Janeiro recebeu 422,9 mil turistas argentinos, representando um aumento de 80% sobre o ano passado, segundo a Secretaria de Estado de Turismo. Essa “invasão” argentina também é presente na gastronomia, com diversos chefs que transportam as origens portenhas para a Cidade Maravilhosa.
Na Praça General Osório, em Ipanema, abriu um restaurante de gastronomia argentina, muito além dos já famosos cortes de carne. O Bodegón (@bodegonrio), típico de Buenos Aires, conta com alma e generosidade dos imigrantes que sentiam falta de casa e compartilhavam suas receitas em espaços aconchegantes. Em especial, as milanesas, em versões de carne e frango. Para harmonizar, o restaurante conta com mais de 150 rótulos de vinhos argentinos. No menu ainda há uma seção de “picadas y bocatinos” para começar. “Antes de abrir o Bodegón, viajei com os sócios a Buenos Aires para uma pesquisa profunda nos bodegones de lá, da massa perfeita ao ponto exato da empanada. Queríamos entender de perto a alma desses lugares que combinam sabor, generosidade e aconchego”, conta o chef Gilles Danton.
A gastronomia argentina foi forjada a fogo e brasa. Nos Pampas, onde o país vizinho se encontra com o Brasil e o Uruguai, o gado trazido da Europa deu origem a toda uma cultura ao redor da carne, onde as parrillas são mais do que uma simples refeição. Por aqui, uma das casas que traduz essa tradição é o Corrientes 348 (@corrientes348br). Para começar clássicos argentinos como Morcilla – um tipo de embutido feito com carne moída de porco. “Fomos pioneiros em mostrar que a parrilla argentina, feita com cortes premium e tempero apenas de sal, podia conquistar o carioca pela tradição e pela excelência”, orgulha-se Agustín Brañas, consultor de carnes do Grupo 348, pelo segundo ano consecutivo entre os indicados do Guia Michelin.
O Rufino (@rufinoparrilla) desembarcou no Leblon em setembro de 2023 com a missão de celebrar a cultura e a gastronomia argentina em sua essência. As carnes são verdadeiramente argentinas. Entre os cortes oferecidos, destacam-se clássicos como o Tomahawk, o Ojo de Bife, a Entraña e o Chorizo, além da recém-chegada Vaca Vieja, corte emblemático que representa ainda mais a tradição da parrilla. Sob o comando do chef Agustín Brañas, o cardápio valoriza pratos icônicos dos hermanos “O restaurante surgiu de um sonho e agora temos que alimentar e jogar o mais alto possível. O significado mais importante é a confiança dos clientes em sentar, provar, comer”, diz o chef.
O Santa Maradó (@santa_marado) é uma pequena pizzaria portenha na Tijuca, no subúrbio carioca – as pizzas são de origem genovesa, criadas por padeiros no começo do século passado. A Fugazzeta, especialidade da casa, tem origem na focaccia, sendo pizza recheada com mozzarella, coberta com cebola finalizada com chimichurri e um blend de queijos ralados. “Em Buenos Aires, essas pizzas foram criadas por padeiros genoveses, da Itália, no começo do século passado. Ela tem a base um pouquinho mais grossa do que as pizzas convencionais, são feitas em duas etapas. Entre as sobremesas, temos doce de leite argentino e alfajores”, entrega o pizzaiolo Christian Weisheim.
Entre as novidades, o Gonza Restaurante e Bar (@gonza.restaurante), que vai abrir no Jardim Botânico, na zona sul da cidade, reflete a trajetória de Gonzalo Vidal, chef argentino que construiu grande parte da sua carreira no estado fluminense. O projeto vai além de rótulos e busca traduzir uma cozinha contemporânea que dialoga com a cidade. “Não gostaria que o Gonza fosse catalogado como um restaurante argentino, porque isso seria muito óbvio”, pede Gonzalo. “Claro que existem referências da minha história, como a charcutaria que aprendi a fazer com a minha família. Mas o Gonza é mais do que isso”. O cardápio se inspira nos ingredientes e tradições cariocas, reinterpretando pratos de forma criativa. A empanada, por exemplo, recebe recheios que remetem ao litoral fluminense.
