O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta sexta-feira, 26, que um acordo para o fim da guerra em Gaza já foi firmado. Poucas horas antes, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, prometeu em discurso à Assembleia Geral da ONU, em Nova York, “caçar” o Hamas e rejeitou a criação de um Estado palestino. Trump e Netanyahu participarão de uma reunião na próxima segunda-feira, 29, na Casa Branca, para fechar a estrutura do tratado, adiantou um funcionário do governo americano à agência de notícias Reuters.
“Parece que temos um acordo sobre Gaza. Acho que é um acordo que traz os reféns de volta, será um acordo que acabará com a guerra”, afirmou Trump a repórteres, antes de deixar a Casa Branca para participar do torneio de golfe em Nova York.
Às margens da Assembleia Geral, os EUA apresentaram um plano de paz de 21 pontos para o Oriente Médio, com o objetivo de encerrar a guerra em Gaza. A proposta foi distribuída nesta terça-feira, 23, a representantes da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Catar, Egito, Jordânia, Turquia, Indonésia e Paquistão, de acordo com o enviado especial americano, Steve Witkoff. A proposta prevê o retorno de todos os reféns e um novo diálogo entre Israel e os palestinos para uma “coexistência pacífica”, informou a Reuters.
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Discurso de Netanyahu
Na Assembleia Geral das Nações Unidas, Netanyahu pintou um cenário de vitória generalizada: disse que as forças israelenses controlaram os hutis do Iêmen, aniquilaram a “maior parte da máquina terrorista do Hamas”, incapacitaram o Hezbollah, fazendo referência às explosões de pagers que também mataram civis, derrotaram o regime de Bashar al-Assad na Síria, detiveram milícias iranianas no Iraque e “devastaram” o programa de mísseis do Irã.
Sobre Gaza, o premiê disse que os soldados israelenses foram responsáveis pelos “combates militares mais impressionantes da história”. Ele alertou que parte da cúpula do Hamas permanece em atividade e promete repetir as “atrocidades” dos ataques de 7 de outubro “de novo, de novo e de novo, não importa o quão desmembradas suas forças estejam”, acrescentando: “é por isso que Israel deve concluir o trabalho; é por isso que queremos fazê-lo o mais rápido possível”.
Netanyahu também advertiu os militantes: “Larguem as armas, deixem meu povo ir, libertem os reféns, todos eles”, advertindo que “se o fizerem, viverão; se não, Israel irá caçá-los”. Ele argumentou que, se o Hamas concordar com os termos de Israel, a guerra pode acabar. De forma irônica, Netanyahu questionou pessoas que dizem que a guerra não as interessa e levantou um cartaz com um quiz, escrito: “quem grita ‘morte aos EUA’?”, com opções “Irã”, “Hamas”, “Hezbollah”, “Hutis” e “Todos acima”. Ele também criticou líderes mundiais.
O primeiro-ministro condenou as acusações de genocídio, alegando que o país faz mais para proteger civis do que qualquer outro exército na história. Mais de 65 mil palestinos foram mortos — entre eles, 440 por fome, incluindo 144 crianças — desde 7 de outubro de 2023. Somente um em cada quatro palestinos detidos em prisões em Israel são membros do Hamas ou da Jihad Islâmica Palestina, revelou o jornal britânico The Guardian no início deste mês com base em dados militares israelenses.