Em um movimento ousado, a UEFA anunciou a reformulação do modelo de venda de direitos de transmissão para a principal competição do planeta, a Champions League, e vai permitir principalmente que as plataformas de streaming possam comprar a exclusividade para um único jogo ou para várias partidas. A informação inicial é da Bloomberg.
Entre as outras mudanças, as emissoras e plataformas poderão adquirir os direitos em vários mercados, todos ao mesmo tempo, por acordos que terão três anos de vigência ou mais. Esse contratos de longo prazo são vistos com bons olhos pela UEFA, pegando como exemplo o acordo feito com a Paramount, em 2022, fechado por US$ 1,5 bilhão pelos direitos de mídia dos EUA para os jogos da Champions até 2030.
“A venda avulsa é um risco interessante de se observar e inimaginável há alguns anos, quando se considerava fundamental promover a competição de forma integral nos canais de distribuição, para justificar os altos investimentos. De certa forma, a descentralização da distribuição também está criando uma descentralização na promoção. Ainda levará algum tempo para termos clareza de se essa mudança trará mais resultados ou se a concentração de interesse em jogos de maior audiência poderá diminuir a rentabilidade total do produto”, explica Bruno Maia, Sócio da produtora Feel The Match, uma desenvolvedora de propriedades intelectuais para streaming.
Um ponto importante destacado pela Bloomberg é que, dentre as novas propostas dos veículos de mídia, serão levados em consideração o alcance e o apoio promocional dessas companhias, e não apenas o peso financeiro das propostas.
Ainda de acordo com a Bloomberg, essa alteração deve mirar especialmente a Amazon e a Netflix, que estão apostando em transmissões exclusivas de eventos específicos e de grande projeção global, mas não em pacotes que englobam toda a temporada.
“A Premier League e as grandes ligas norte-americanas mostram o modelo a ser seguido. A venda por pacotes de jogos permite tanto ampliar a distribuição quanto a promoção das partidas, pois cada comprador de direitos terá em suas mãos a missão de promover ao máximo os torneios UEFA para fechar a conta”, analisa Alexandre Vasconcellos, gerente regional da Flashscore no Brasil, com experiência em marketing esportivo, comunicação, inovação e ESG no mundo dos esportes.
Além disso, países como França e Espanha estão na mira da entidade com esse novo modelo de negócios, já que os dois países não negociam suas transmissões com o mercado de streaming, mas, sim, com os canais Canal+ e Telefonica, respectivamente. Somente no último ano, com a mudança no formato e regulamento para uma fase de grupos com mais clubes, o aumento com receitas de transmissões nos principais mercados europeus foi de 18%.
Até 2027, quando esse novo modelo de direitos de transmissão deve entrar em vigor, a UEFA projeta € 4,4 bilhões em receitas anuais por cada uma das temporadas das competições em que organiza, casos da Liga dos Campeões, Liga Europa, Liga da Conferência e Supercopa.