O Irã assinou um acordo de 25 bilhões de dólares com a Rússia para a construção de quatro usinas nucleares em seu território. O acerto acontece horas antes de uma votação no Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre o adiamento de sanções contra Teerã por questões envolvendo seu programa atômico. As informações foram reveladas nesta sexta-feira, 26, pela agência de notícias estatal IRNA.
De acordo com a mídia estatal, as usinas serão construídas em uma área de 500 hectares no condado de Sirk, na província de Hormoz, pela corporação estatal russa Rosatom, detentora do monopólio da energia nuclear no país aliado. As usinas foram descritas como “modernas” e a expectativa é que gerem 5 mil megawatts de eletricidade. Anteriormente, a Rosatom havia informado a assinatura de um memorando de entendimento com Teerã para construção de “pequenas usinas nucleares”, mas não deu mais detalhes sobre a parceria.
O Irã teve a grande maioria de suas instalações nucleares danificadas em junho após um ataque de Estados Unidos e Israel, que acusavam Teerã de estar perto do desenvolvimento de uma bomba atômica. Nesse momento, o país tem uma única usina atômica em atividade, a Central Nuclear de Bushehr, no sul do país. A unidade tem capacidade aproximada de mil gigawatts e foi construída pela Rússia, país com relações estreitas com a república islâmica e que repudiou a ofensiva promovida por Washington e Tel Aviv.
+ Governo Trump proíbe diplomatas do Irã de fazer compras de ‘luxo’ e em ‘lojas de atacado’
Retorno de sanções
O acordo entre Moscou e Teerã foi anunciado horas antes da reunião do Conselho de Segurança da ONU que decidirá a possibilidade de adiar o início do ‘snapback‘ — mecanismo que ativa imediatamente as sanções econômicas contra o país — acionado por França, Alemanha e Reino Unido em agosto, após acusarem o Irã de não cumprir os compromissos estabelecidos no acordo nuclear de 2015.
Um projeto apresentado por Rússia e China visa adiar o retorno das sanções até o dia 18 de abril de 2026, daqui a seis meses. No entanto, fontes diplomáticas ouvidas pela agência de notícias AFP apontam que é pouco provável que o país obtenha o respaldo de nove dos 15 países do conselho, quórum necessário para aprovar a medida.