De saída da presidência do STF, Luís Roberto Barroso revelou nesta sexta-feira um conselho que deu, “há muito tempo”, a Lula e ao advogado-geral da União, Jorge Messias, para ajudar o governo a abrir um canal de diálogo com a Casa Branca de Donald Trump em busca de negociação sobre as tarifas e sanções impostas ao Brasil.
Barroso, que já trabalhou como advogado em Washington, recomendou, naquela conversa, que o Executivo brasileiro contratasse um escritório de lobby para representar seus interesses nos Estados Unidos. “Lá, é uma atividade lícita e regulada (e) o lobista tem o mesmo papel que o advogado tem quando vem ao STF defender uma causa”, disse o ministro nesta sexta em conversa com jornalistas.
“Havia muita resistência (de Lula e Messias), porque, no Brasil, o lobby tem uma conotação ética negativa”, continuou Barroso. “No fim, a iniciativa privada contratou escritórios de lobby. O governo contratou só um escritório de advocacia para consultoria jurídica.”
Como mostrou o Radar, para pavimentar o terreno que levou à rápida conversa Lula e Trump na ONU, o setor privado brasileiro mobilizou lobistas, advogados e empresários americanos, com participação ativa, nessa diplomacia corporativa, dos irmãos Batista, da JBS, da CNI e da Embraer.
O presidente do Supremo relatou ter encontrado brevemente com Lula nesta quinta-feira, durante a cerimônia de posse do novo presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Vieira de Mello Filho. Segundo Barroso, o petista demonstrou estar “otimista”, mas “cauteloso” sobre a reunião com Donald Trump na semana que vem.
“Talvez se tenha aberto uma janela de negociação”, avaliou o ministro da Corte.