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Destroços das guerras mundiais viram refúgio de vida marinha; confira imagens e vídeos

Mais organismos vivos marinhos preferem viver nos destroços de munições da Segunda Guerra Mundial do que no substrato natural no mar Báltico. A conclusão está em um artigo publicado na revista Nature, nesta quinta, 25, que indica que a vida marinha no local tolera os componentes tóxicos liberados pelos detritos do conflito humano, em troca de uma superfície segura.

Os autores do estudo exploraram a região alemã da Baía de Lubeck, no mar Báltico que contém mais de 1,6 milhões de toneladas de munições, descartadas principalmente após as guerras mundiais no último século. Em 1972, a ONU organizou a Convenção de Prevenção à Poluição Marinha por Despejo de Resíduos e Outros Materiais, e estabeleceu regras contra esse tipo de descarte realizado nas guerras anteriores ao acordo. Entre os destroços remanescentes, ogivas de bombas voadoras do exército nazista se tornaram abrigo da vida marinha no local do estudo.

Käpt’n Blaubär sendo lançado a partir do RV Alkor durante o cruzeiro de pesquisa AL628, em março de 2025
Submersível Käpt’n Blaubär sendo lançado a partir do RV Alkor durante o cruzeiro de pesquisa AL628, em março de 2025Ilka Thomsen, GEOMAR/Divulgação

Com o auxílio de um submersível controlado remotamente, os pesquisadores captaram imagens do fundo das águas, e identificaram oito espécies nos vídeos. Três espécies de peixes livres também foram identificadas, além de cinco delas eram invertebrados marinhos, de vida bentônica (associada ao fundo dos ambientes aquáticos).

Por que viver nos destroços?

A vida marinha observada se concentrou em sua maioria nas superfícies metálicas das bombas, em média 43 mil organismos por metro quadrado, comparado a 8,2 mil no substrato natural ao redor.

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A preferência intriga os cientistas, já que a partir das imagens e coleta de amostras de água do local, identificaram a concentração de explosivos (TNT) variando de poucos 30 nanogramas por litro até 2,7 miligramas por litro – níveis tóxicos potencialmente fatais à vida marinha.

Exemplos das espécies identificadas a partir das filmagens feitas pelo Käpt’n Blaubär. Esta é a Figura 5 do manuscrito publicado.
Exemplos das espécies identificadas a partir das filmagens feitas pelo Käpt’n Blaubär.Andrey Vedenin et al./Communications Earth & Environment/Divulgação

Os autores do artigo sugerem para esse paradoxo que as vantagens de viver nas superfícies duras fornecidas pelo metal, superam as desvantagens da exposição química. O substrato natural da região é de lama. Os organismos foram observados em sua maioria em cascos, ao invés de partes descobertas com material explosivo, indicando uma adaptação da vida marinha para limitar a exposição química.

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No entanto, os pesquisadores concluem que apesar da importância das estruturas para os organismos, elas devem ser substituídas por superfícies artificiais mais seguras para beneficiar o ecossistema local.

Fantasmas à vista

Foto aérea (tirada por drone) dos destroços de navios da “Frota Fantasma” agrupados ao longo da margem de Mallows Bay, no rio Potomac, Maryland, EUA
Foto aérea (tirada por drone) dos destroços de navios da “Frota Fantasma” agrupados ao longo da margem de Mallows Bay, no rio Potomac, Maryland, EUADuke Marine Robotics and Remote Sensing Lab/Scientific Data/Divulgação

Em outro estudo publicado na Scientific Data da Nature, pesquisadores da Universidade de Duke divulgaram um mapa fotográfico de alta resolução de 147 naufrágios da chamada “Ghost Fleet” (Frota Fantasma) no rio Potomac em Mallows Bay, Maryland, nos Estados Unidos. As fotografias realizadas por drones devem ser úteis para pesquisas arqueológicas, ecológicas e culturais da região.

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Os navios foram construídos durante a Primeira Guerra Mundial, mas foram queimados e afundados no fim dos anos 1920. Seus destroços são conhecidos por serem habitat de plantas e animais locais, como a águia-pescadora (Pandion haliaetus) e o peixe esturjão-atlântico (Acipenser oxyrinchus).

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