Os principais suspeitos pelas mortes de quatro homens que cobraram uma dívida de 255 mil reais em Icaraíma, no interior do Paraná, são os dois devedores: Antônio Buscariollo e Paulo Ricardo Costa Buscariollo, pai e filho, que estão foragidos desde o início de agosto. No entanto, a Polícia Civil já investiga uma lista de indivíduos que podem ter participado direta ou indiretamente do crime com eles.
Pelo menos três outros homens são investigados no caso. Entre eles estão mais dois filhos de Antônio Buscariollo: Carlos Henrique e Carlos Eduardo. Ambos são investigados, mas não são considerados foragidos da polícia.
O terceiro homem não é da família e não teve o nome revelado, mas chegou a ser preso há duas semanas, durante a apreensão do carro que dirigia. Segundo a polícia, o veículo, uma Fiat Strada branca, tinha relação com a família Buscariollo e estava com a placa adulterada. O suspeito foi ouvido formalmente e negou qualquer relação com os devedores da dívida.
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A hipótese de que mais pessoas participaram dos assassinatos é considerada pelo fato de que apenas dois homens sozinhos não teriam sido capazes de render, agredir e matar quatro vítimas, além de enterrar completamente seus corpos e o carro deles.
Os criminosos também podem ter recebido ajuda para se esconder e fugir da polícia — visto que estão foragidos há quase dois meses e um deles era muito conhecido na região, já tendo quase sido eleito vereador da cidade.
“Nós já temos vários nomes identificados, de pessoas que podem ter participado [do assassinato] em coautoria com a família Buscariollo. E acreditamos que, em breve, a autoridade policial vai pedir a prisão dessas outras pessoas. Várias pessoas são investigadas”, informou para VEJA a advogada Josiane Monteiro, que representa a família de uma das quatro vítimas.
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Os corpos de Diego Henrique Afonso, Robishley Hirnani de Oliveira e Rafael Juliano Marascalchi, que trabalhavam irregularmente há pelo menos treze anos fazendo cobranças de dívidas, e de Alencar Gonçalves de Souza, que os contratou para cobrar um débito da família Buscariollo, foram encontrados há uma semana, enterrados em uma área de mata e distante da cidade, próximo ao local onde o carro deles havia sido descoberto enterrado dias antes.
Relembre o caso
Três amigos desapareceram após viajarem de São Paulo ao Paraná para cobrar uma dívida de 255 mil reais. Eles foram contratados por um homem — que também desapareceu — para fazer a cobrança do débito, relativo a uma transação envolvendo um imóvel rural. A polícia trabalha desde o início do caso com a hipótese de que os devedores tenham matado os quatro.
Diego Henrique Afonso, Robishley Hirnani de Oliveira e Rafael Juliano Marascalchi trabalhavam irregularmente há pelo menos 13 anos fazendo cobranças de dívidas de modo agressivo e persuasivo, segundo a polícia. Eles foram contratados por um morador de Icaraíma, no noroeste do Paraná, identificado como Alencar Gonçalves de Souza para que cobrassem o valor de um terreno rural da cidade que ele vendeu à família Buscariollo, moradora da região.
Os três amigos saíram de São José do Rio Preto, em São Paulo, e chegaram a Icaraíma no dia 4 de julho, quando já entraram em contato com os devedores. Sem resultado, eles voltaram no dia seguinte para continuar a cobrança, mas, desde então, perderam contato com os familiares — momento em que o desaparecimento deles foi informado à polícia.
“Os familiares deles contribuíram [com as investigações], mas não conseguem passar informações precisas sobre o negócio porque nenhum dos cobradores esclarecia exatamente a suas esposas qual era o exato objeto da cobrança. Eles falaram para elas de forma genérica que estavam vindo para o Paraná para cobrar uma dívida que tinha relação com um imóvel, mas não passaram para elas as minúcias do negócio que poderiam ajudar nas investigações”, explicou o delegado Gabriel Menezes.
Enquanto viajavam para o Paraná, os três homens fizeram uma foto no carro e publicaram nas redes sociais.
Do outro lado, os familiares do contratante, Alencar de Souza, também informaram o desaparecimento dele desde o meio-dia do dia 4. As últimas pessoas que teriam tido contato com ele teriam sido Antônio Buscariollo e Paulo Ricardo Costa Buscariollo, pai e filho respectivamente, quando ele teria cobrado pessoalmente o valor que eles deviam.
Ambos foram ouvidos pela polícia assim que os desaparecimentos foram notificados e disseram não ter qualquer relação com a compra do terreno. Eles teriam indicado outras duas pessoas da família como devedores do caso, mas a polícia não conseguiu confirmar essa versão até o momento, já que não conseguiu encontrar essas pessoas.
Pai e filho foram liberados, mas, em seguida, as autoridades abriram mandados de prisão preventiva contra eles — quando os policiais foram até a casa deles, no entanto, não encontraram mais nenhuma pessoa da família. Antônio Buscariollo e Paulo Ricardo Costa Buscariollo são considerados foragidos.