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Presidente da Colômbia chama ataques dos EUA a supostos barcos com drogas de ‘ato de tirania’

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, chamou os ataques americanos a embarcações que supostamente transportam drogas no Mar do Caribe de “atos de tirania”. A declaração foi dada em entrevista à emissora britânica BBC, publicada nesta quinta-feira, 25.

“Lançar mísseis sobre águas soberanas de um país estrangeiro é simplesmente um ato de tirania dos Estados Unidos“, afirmou Petro. “Você não pode saber se esses jovens são migrantes ou assalariados de uma máfia do narcotráfico. E em nenhuma circunstância Trump tem o direito de disparar um míssil contra eles quando estão indefesos”, complementou.

A declaração do presidente colombiano faz referência aos ataques de navios militares americanas a barcos, em sua maioria partindo da Venezuela, no sul do Mar do Caribe. O primeiro incidente aconteceu em 2 de setembro, quando uma embarcação venezuelana foi bombardeada, resultando na morte de 11 pessoas.

Na época, o presidente americano, Donald Trump, afirmou que as vítimas eram narcoterroristas que morreram enquanto transportavam drogas ilegais aos Estados Unidos, sem apresentar evidências. Pelo menos outros dois ataques ocorreram desde então, resultando na morte de seis pessoas.

Desafeto notório de Trump, Petro foi um dos poucos líderes mundiais que confrontaram publicamente o americano. Durante seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, na terça-feira 23, o colombiano exigiu uma investigação criminal contra seu homólogo e outros funcionários americanos envolvidos nos ataques. Ele também afirmou que os mortos não eram traficantes, e sim “jovens pobres da América Latina que não tinham outra opção” senão fugir de seu país.

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A presença americana no Mar do Caribe faz parte da nova estratégia antinarcóticos da Casa Branca, que enquadra os cartéis de drogas latino-americanos como organizações terroristas. No entanto, especialistas das Nações Unidas apontam que as ações americanas são “execuções extrajudiciais”. Para Gustavo Petro, as operações devem ter “proporcionalidade de força”, não sendo necessário matar os suspeitos.

“Não é necessário, porque você simplesmente bloqueia, como em uma rua, o barco com outros mais rápidos. Por anos, conseguimos fazer operações sem mortes. Por que lançar um míssil se ele poderia simplesmente ter parado e capturado seus membros?”, questionou.

O líder de esquerda também afirmou que a cruzada de Trump contra uma suposta invasão de drogas oriundas da América Latina é falsa, já que a cocaína, entorpecente historicamente relacionado à região, perdeu espaço em território americano para o fentanil, um opioide sintético.

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“Ele não entende a realidade do narcotráfico”, diz Petro, “O fentanil é um produto químico e, portanto, só pode ser produzido em um aparato industrial relativamente complexo. Isso significa que uma alta porcentagem – tanto de oferta quanto de demanda – de fentanil nos Estados Unidos é autoprodução e autoconsumo, não precisa de barcos, não precisa de aviões”.

Durante a entrevista, o colombiano acusou Trump de ver os líderes sul-americanos como súditos e afirmou: “Eles não podem pensar que os povos que são filhos de Bolívar se ajoelham. Não somos súditos. Cortamos a cabeça do rei. Somos republicanos. E aqui falamos entre iguais.”

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