A Dinamarca afirmou nesta quinta-feira, 25, que as incursões de drones que fecharam aeroportos foram um “ataque híbrido”, quando são usadas táticas militares e não militares para atingir infraestruturas, com objetivo de causar medo. Trata-se do segundo ataque do tipo em dois dias no país. As operações foram atribuídas à Rússia, que rejeita as acusações, em meio ao aumento das tensões na região. Nas últimas semanas, drones russos invadiram o espaço aéreo da Polônia, Romênia e Estônia, membros da Otan, principal aliança militar ocidental.
“Certamente não parece uma coincidência. Parece sistemático. Isso é o que eu definiria como um ataque híbrido”, disse o ministro da Defesa da Dinamarca, Troels Lund Poulsen, em coletiva de imprensa, acrescentando que o país não enfrenta nenhuma ameaça militar direta.
O ministro afirmou que não há dúvidas de Moscou está por trás da incursão. As acusações foram definidas como “especulações absurdas” pela embaixada russa em Copenhague. A delegação também disse que se trataram de “provocações encenadas”, supostamente usadas “como pretexto para aumentar ainda mais a tensão” em relação à guerra na Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022. A Dinamarca ocupa a presidência rotativa da União Europeia (UE) e receberá líderes do bloco europeu na próxima semana.
Os drones forçaram o fechamento do aeroporto de Aalborg, usado para voos comerciais e militares, por três horas. O aeroporto de Billund, o segundo maior da Dinamarca, também foi obrigado a fechar as portas por uma hora. A polícia local informou que os dispositivos foram vistos, ainda, perto dos aeroportos de Esbjerg e Sonderborg, de uma instalação militar em Holstebro e da base aérea de Skrydstrup, que abriga os caças dinamarqueses F-16 e F-35. Todos estão localizados na região da Jutlândia Ocidental, que fica no continente europeu.
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‘Rússia será uma ameaça’
Tanto Aaalborg quanto Billund retomaram o funcionamento normal na manhã desta quinta. A polícia disse que os drones seguiram um padrão semelhante aos que levaram ao fechamento do aeroporto de Copenhague na noite de terça-feira. Na ocasião, a primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, afirmou que o país foi submetido ao “mais sério ataque contra infraestrutura crítica”.
A polícia dinamarquesa disse que dois ou três drones de grande porte que foram vistos na noite de segunda-feira perto do aeroporto, que também atende o sul da Suécia. Copenhague desviou 31 voos, o que levou ao atraso ou cancelamento de uma centena de outras rotas, afetando cerca de 20 mil passageiros. De acordo com as autoridades, os equipamentos pareciam ser pilotados por um “operador competente” que buscava demonstrar capacidades específicas. Nenhum suspeito foi identificado até o momento.
As incursões ocorrem após a Dinamarca ter reduzido seu orçamento militar este ano. O país anunciou planos para adquirir armas de precisão de longo alcance na semana passada, quando a premiê advertiu de que “não há dúvida de que a Rússia será uma ameaça à Europa e à Dinamarca nos próximos anos”. Em meio à escalada das tensões, o chefe das Forças Armadas da Dinamarca, Michael Hyldgaard, reconheceu as fraquezas no combate aos drones, dizendo: “Temos uma ampla gama de capacidades nas Forças Armadas, mas gostaríamos de ter mais.”
