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Senadores celebram aceno de Trump a Lula mas pedem cautela com tarifaço

Senadores brasileiros comemoraram o aceno feito pelo presidente americano Donald Trump ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, na última terça-feira, 23, mas afirmaram que o gesto deve ser lido com cautela — sobretudo na esteira do tarifaço aplicado pelo país.

As declarações se deram durante audiência da Comissão Temporária Externa para Interlocução sobre as Relações Econômicas Bilaterais com os Estados Unidos (CTEUA), colegiado criado após a comitiva de parlamentares brasileiros que estiveram em Washington no final de julho para negociar os efeitos das sanções de Trump.

A sessão desta quarta, 24, recebeu autoridades, especialistas e representantes do setor produtivo com o principal objetivo de debater os desdobramentos da investigação americana contra o Brasil, no âmbito da chamada Seção 301. A apuração é conduzida pelo Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR).

O presidente da comissão, o senador Nelsinho Trad (PSD-MS), defendeu a continuidade da interlocução bilateral e, principalmente, que seja construído um diálogo direto entre ambos os países — segundo Trump, que não detalhou os temas a serem discutidos, já há um encontro marcado com Lula para a próxima semana.

“Os acenos que ocorreram ontem na Assembleia da ONU são exatamente aquilo que vínhamos defendendo: não se resolve o tarifaço sem diálogo de alto nível. Está na hora de virar essa página para seguirmos com os mais de 200 anos de relações comerciais e diplomáticas com os EUA”, disse.

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Trad afirmou, ainda, que o Senado brasileiro tem atuado de forma “suprapartidária” e que o canal com parlamentares norte-americanos segue aberto. Segundo ele, “deve haver novidades nesta semana”, fruto da interlocução estabelecida pela missão oficial aos Estados Unidos, liderada por ele em julho. “Sem o olho no olho, sem estreitar a relação entre os presidentes, não vamos resolver esse impasse. O Congresso continuará acompanhando de perto os acenos feitos na ONU e fomentando para que o diálogo direto aconteça”, disse. Também participou da audiência a relatora da comissão, a senadora Tereza Cristina (PP-MS).

Efeitos do tarifaço

Durante o encontro, os convidados falaram sobre as dificuldades que o tarifaço impõe ao Brasil. Para o economista Marcos Troyjo, o Brasil atravessa o principal desafio diplomático-comercial dos últimos 50 anos e apenas uma construção política pode evitar um contencioso mais duradouro.

Representantes do agro e da indústria apresentaram dados sobre os impactos até agora mensurados na esteira das sanções americanas. Segundo a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), apenas 24 produtos agropecuários foram incluídos na lista de exceções — entre eles castanha-do-pará, suco de laranja e alguns artigos de madeira. O açúcar registrou queda de quase 60% nas exportações, óleos vegetais caíram 25% e amendoim 22%.

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Já a Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontou que 74% das exportações brasileiras aos Estados Unidos estão atualmente sujeitas a tarifas adicionais, com destaque para produtos industriais, químicos e metalúrgicos. O impacto estimado, afirma a entidade, chega a 26 bilhões de reais em exportações.

Lula e Trump

Em balanço sobre a agenda brasileira na Assembleia Geral das Nações Unidas, Lula falou nesta quarta-feira, 24, sobre o rápido encontro com seu homólogo dos Estados Unidos, Donald Trump, um dia antes.

“Tive a satisfação de ter um encontro com o presidente Trump. Aquilo que parecia impossível deixou de ser impossível e aconteceu”, disse. “Fiquei feliz quando ele disse que pintou uma química entre nós (…) A relação humana é 80% química e 20% emoção, acho importante essa reação e torço para que dê certo”.

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Ao final de uma parte improvisada em seu discurso na Assembleia Geral, na terça, Trump disse ter encontrado Lula rapidamente e que ambos concordaram em um encontro na próxima semana.

“Estava andando e o líder do Brasil também estava andando. Ele me olhou, eu o olhei, e nos abraçamos”, disse o republicano. “Concordamos que vamos nos encontrar na próxima semana, não tivemos muito tempo para falar, algo como 20 segundos. Mas conversamos e concordamos em nos encontrar”, afirmou o republicano, destacando que os dois tiveram uma “química excelente”, o que é “um bom sinal”.

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