Um acidente aéreo no Pantanal no Mato Grosso do Sul na noite desta terça, 23, matou quatro pessoas, entre elas o arquiteto chinês Kongjian Yu. Conhecido pelo conceito de “cidades-esponja”, a vítima era um dos maiores nomes da arquitetura. Além dele, dois cineastas brasileiros que documentavam o trabalho do arquiteto e o piloto da aeronave de pequeno porte também morreram na queda.
Kongjian Yu era reconhecido internacionalmente pelo seu trabalho voltado para um planejamento sustentável. O arquiteto nasceu em 1963 na na vila Dongyu, Jinhua, província de Zhejiang, China, em uma família de agricultores. Em 1998, fundou o escritório Turenscape, um dos maiores do mundo até hoje e também era professor na Universidade de Pequim.
Durante sua carreira, recebeu prêmios como o IFLA Sir Geoffrey Jellicoe Award (2020), o Cooper Hewitt National Design Award (2023) e ainda neste ano o RAIC International Prize.
O que são ‘cidades-esponja’?
Em 2012, chuvas intensas e enchentes na capital chinesa provocaram a morte de 80 pessoas, enquanto a Cidade Proibida, com sistemas de drenagem milenares, ficou seca. Kongjian Yu então criou o conceito “cidades-esponja”, que foi adotado como política nacional no ano seguinte da tragédia.
A proposta do arquiteto era diminuir a dependência de sistemas de drenagem tradicionais, mas se voltar a soluções naturais. Infraestruturas verdes, áreas alagáveis como lagos e parques e pavimentos impermeáveis substituem concreto, canos e bombas.
Segundo o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR), o conceito de “cidades-esponja” já foi aplicado em mais de mil projetos em 250 cidades e Kongjian Yu defendia “soluções baseadas na natureza para enfrentar enchentes urbanas e os efeitos da crise climática”.