A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) emitiu nesta terça-feira, 23, um alerta à Rússia, prometendo recorrer a “todas as ferramentas militares e não militares necessárias” para proteger a aliança. A declaração veio após uma série de violações do espaço aéreo de Estados-membros do grupo atribuídas a Moscou, incluindo a incursão de três caças MiG-31 na Estônia, na semana passada, e o envio de drones à Polônia, Romênia e, mais recentemente, Dinamarca, na segunda-feira.
O Conselho do Atlântico Norte — que reúne os 32 membros da Otan — endossou a posição firme contra Moscou após a Estônia acionar o Artigo 4 do tratado, que prevê consultas sempre que a integridade territorial ou a segurança de um aliado estiver em risco. É apenas a nona vez em 76 anos que o dispositivo é utilizado, sendo duas delas neste mês.
“A Rússia deve estar ciente que a Otan e seus aliados não hesitarão em agir para se defender e deter ameaças de todas as direções”, afirmou a nota oficial.
A escalada coincidiu com uma incursão de drones na Dinamarca, que levou ao fechamento do aeroporto de Copenhague por horas na madrugada desta terça, forçando o desvio de 31 voos e afetando cerca de 20 mil passageiros. A primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, classificou o episódio como “o mais sério ataque à infraestrutura crítica” já enfrentado pelo país e afirmou que não é possível descartar a Rússia como responsável. Moscou nega qualquer envolvimento.
Para Frederiksen, independentemente da autoria, o incidente “deve ser visto no contexto de tudo o que acontece na Europa: drones na Polônia e Romênia, violações na Estônia, hackers em aeroportos e agora a Dinamarca”, declarou.
Apesar da retórica dura, líderes europeus pedem cautela. O ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius, criticou propostas para que caças russos sejam abatidos em futuras incursões.
“Tiros no céu não ajudam. Precisamos de clareza e prudência”, disse.
O secretário-geral da aliança, Mark Rutte, reforçou que os aviões russos não foram derrubados porque não representavam ameaça imediata, mas lembrou que comandantes da Otan tinham autoridade para “tomar a decisão final” se avaliassem que uma aeronave intrusa representa tal perigo.