Os acionistas da Reag Capital Holding aprovaram, em assembleia realizada na noite de ontem (22), o cancelamento do registro de companhia aberta junto à CVM (Comissão de Valores Mobiliários). A solicitação formal será protocolada nos próximos dias, segundo comunicado da companhia.
De acordo com a Reag, a decisão faz parte de uma estratégia de simplificação societária e de foco em áreas onde a empresa considera ter maior diferencial competitivo. A holding destacou que, após a venda da Reag Investimentos (REAG3) para a Arandu e o início do processo de associação da CIABRASF (ADMF3) com a Planner, deixou de fazer sentido a manutenção do registro de companhia aberta junto à CVM.
Em nota, a Reag Capital Holding frisou ser uma companhia independente, sem relação com a Reag Investimentos, hoje sob o controle da Arandu, e reafirmou seu compromisso com a governança. “O grupo reafirma seu compromisso com a transparência e a defesa de sua reputação no mercado financeiro”, informou.
Relembre o que foi a Operação Carbono Oculto
O anúncio acontece em meio à repercussão da Operação Carbono Oculto, deflagrada pela Receita Federal em 28 de agosto. A investigação apura um esquema de fraudes e lavagem de dinheiro ligado ao setor de combustíveis, envolvendo fintechs e fundos de investimento. Os recursos desviados teriam, segundo as autoridades, conexões com o PCC (Primeiro Comando da Capital).
Na ocasião, foram cumpridos aproximadamente 350 mandados de busca e apreensão em oito estados: São Paulo, Espírito Santo, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Rio de Janeiro e Santa Catarina. Entre os alvos estavam pessoas físicas e jurídicas, incluindo empresas ligadas ao mercado financeiro.
A Reag foi uma das companhias citadas nas investigações, o que levou à realização de mandados de busca em seus endereços. Desde então, a holding vem reforçando sua posição de independência e de que segue atuando de forma regular, buscando se desvincular das suspeitas que recaíram sobre o setor.
Histórico da Reag
Criada em 2012, a Reag se consolidou como uma das maiores gestoras independentes do país, sem vínculo direto com grandes bancos. Ao longo de sua trajetória, apostou em aquisições estratégicas e diversificação de investimentos, expandindo sua atuação para gestão de recursos e patrimônio.
A companhia abriu capital em janeiro deste ano, marcando sua entrada na B3, a bolsa de valores brasileira. O movimento foi visto como mais um passo no processo de expansão. No entanto, poucos meses depois, a empresa se vê diante de um cenário de retração, com a decisão de encerrar seu registro de companhia aberta e o desafio de preservar a reputação em meio às investigações.