Israel não participará da reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre Gaza nesta terça-feira, 23, em razão do Ano Novo Judaico. A decisão foi anunciada pelo embaixador israelense na ONU, Danny Danon, em carta à presidência rotativa do órgão, ocupada pela Coreia do Sul. A movimentação acontece após uma série de países — Reino Unido, Canadá, Austrália, Portugal e França — reconhecer o Estado da Palestina como forma de fortalecer a solução de dois Estados e condenar a catástrofe em Gaza.
“Desejo informar que a delegação de Israel não participará desta reunião, já que coincide com o Rosh Hashaná, o Ano Novo Judaico”, disse a Donan. “Apesar do pedido de Israel à Presidência e aos membros do Conselho para remarcar a reunião, o encontro segue fixado para esta data, uma das mais significativas do calendário judaico”.
O encontro ocorre em um momento tenso: Israel avança com um plano de assentamentos judeus na Cisjordânia — uma proposta que, segundo o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, um ferrenho apoiador da medida, “enterrará a ideia de um Estado palestino” — e aumenta o furor da ofensiva para assumir o controle total da Cidade de Gaza, maior conglomerado urbano do enclave. Ainda na terça-feira, será realizada a reunião de alto nível da Assembleia Geral da ONU, na qual a situação em Gaza deve ser abordada pelos países-membros.
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Reconhecimento da Palestina
Ao mesmo tempo, Israel sofre pressão da comunidade internacional. No domingo, 21, o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, anunciou o reconhecimento do Estado da Palestina para “reviver a esperança de paz entre palestinos e israelenses, e uma solução de dois Estados”. A notícia foi celebrada pelo embaixador da Palestina, Husam Zomlot, que destacou que a legitimação ocorre “em meio ao genocídio em curso por Israel em Gaza e à limpeza étnica na Cisjordânia”.
O Canadá seguiu os passos do Reino Unido. Nas redes sociais, o primeiro-ministro Mark Carney afirmou que “o Canadá reconhece o Estado da Palestina e oferece sua colaboração para construir a promessa de um futuro pacífico, tanto para o Estado da Palestina como para o Estado de Israel”. Com isso, Ottawa e Londres tornam-se os primeiros membros do G7, grupo que reúne os países mais industrializados do mundo, a validar o Estado palestino.
A Austrália “reconheceu formalmente o independente e soberano Estado da Palestina” e “reconhece as aspirações legítimas e antigas do povo palestino de ter um Estado próprio”, disse o primeiro-ministro Anthony Albanese ainda no domingo, 21, acompanhando os outros dois países. Portugal também fez o anúncio e salientou que “o reconhecimento do Estado da Palestina é a concretização de uma linha fundamental, constante e essencial da política externa portuguesa”.
Após a decisão dos quatro países, o presidente da francês, Emmanuel Macron, anunciou nesta segunda-feira, 22, o reconhecimento oficial por parte da França do Estado da Palestina, fazendo um apelo geral: “Chegou a hora de pôr fim à guerra, aos bombardeios em Gaza, aos massacres e à fuga da população. Chegou a hora pois a emergência está em toda parte. Chegou a hora da paz porque estamos a momentos de não conseguir mais compreendê-la”. Mais de 140 países-membros da ONU, incluindo o Brasil, já reconhecem o Estado da Palestina.