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Com onda de apoio à Palestina, líderes fazem cúpula global sobre solução de dois Estados

Dezenas de líderes mundiais devem se reunir em Nova York nesta segunda-feira, 22, para uma cúpula global sobre a solução de dois Estados, que defende a criação de um país para os judeus e outro, vizinho, para os palestinos, como saída para o conflito árabe-israelense no Oriente Médio. Organizado pela França e pela Arábia Saudita, o encontro ocorre em meio a uma onda de apoio renovado ao Estado da Palestina, com vários países reconhecendo formalmente sua existência nas Nações Unidas, mas terá boicote dos Estados Unidos e de Israel.

Reino Unido, Canadá, Austrália e Portugal reconheceram o Estado palestino no domingo 21. A França e outros cinco países também devem fazê-lo formalmente nesta segunda-feira.

Embora a cúpula possa elevar o moral dos palestinos e a pressão sobre Tel Aviv, não se espera que traga mudanças empíricas. A coalizão de extrema direita que governa Israel declarou ser inconcebível um Estado Palestino, e prossegue de maneira implacável a guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza — um dos territórios que comporia o país.

A solução de dois Estados foi a base das negociações de paz inauguradas pelos Acordos de Oslo de 1993, e então apoiadas pelos Estados Unidos. O processo, porém, sofreu forte resistência de ambos os lados e praticamente fracassou.

O embaixador israelense nas Nações Unidas, Danny Danon, adiantou que Israel e Estados Unidos boicotarão a cúpula, descrevendo o evento como um “circo”.

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Embora a Noruega faça parte das novas adições à lista de quem reconhece a Palestina (o fez em 2024, junto à Espanha e à Irlanda), o ministro das Relações Exteriores do país, Espen Barth Eide, alertou que isso por si só não basta para resolver o conflito.

“A Palestina está em um ponto de inflexão, e nós estamos em uma encruzilhada. Embora o apoio político internacional a uma solução de dois Estados raramente tenha sido tão forte, a situação no terreno está pior do que nunca”, disse Eide.

A cúpula, que antecede a Assembleia Geral das Nações Unidas desta semana, ocorre após Israel lançar uma prometida invasão terrestre à Cidade de Gaza, com poucas perspectivas de um cessar-fogo no conflito que já dura quase dois anos.

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Reação

Como possível resposta à onda de reconhecimentos da Palestina, Israel anunciou planos para tomar controle de porções da Cisjordânia, outro território palestino já parcialmente ocupado. Além disso, estuda medidas bilaterais específicas contra Paris, de acordo com a agência de notícias Reuters. O governo americano também alertou sobre possíveis consequências àqueles que tomarem medidas contra Tel Aviv.

A anexação, porém, pode ter um efeito contrário e alienar países importantes como os Emirados Árabes Unidos, uma potência petrolífera e um centro comercial com ampla influência diplomática em todo o Oriente Médio. O mais proeminente dos países árabes a normalizarem os laços com Israel por meio dos Acordos de Abraão, mediados pelos Estados Unidos em 2020, afirmou que tal medida minaria o espírito desse pacto.

“Declaramos publicamente que a anexação é uma linha vermelha para o meu governo, porque atinge o cerne do que os Acordos de Abraão pretendiam alcançar”, disse Lana Nusseibeh, ministra de Estado do Ministério das Relações Exteriores dos Emirados Árabes Unidos, em entrevista à emissora britânica BBC.

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Senso de urgência

Em meio à intensificação da ofensiva israelense em Gaza e à escalada da violência por parte dos colonos israelenses na Cisjordânia, há um crescente senso de urgência para agir com rapidez, antes que a ideia de uma solução de dois Estados desapareça para sempre.

“A decisão que o presidente Macron apresentará nesta tarde à Assembleia Geral das Nações Unidas é uma decisão política simbólica e imediata que demonstra o compromisso da França com a solução de dois Estados”, disse o ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Noel Barrot, à emissora TF1.

Depois do anúncio de Macron, em julho, o movimento para o reconhecimento de um Estado palestino — até então dominado por nações menores — ganhou novo impulso. Bandeiras palestinas e israelenses foram projetadas na Torre Eiffel, em Paris, na noite de domingo, em apoio à solução de dois Estados.

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