Deputados governistas que mantêm bom relacionamento com Hugo Motta (Republicanos-PB) e outras lideranças do Centrão estão na “torcida” para o presidente da Câmara “esquecer” a discussão sobre o texto alternativo da anistia aos envolvidos nos ataques golpistas do 8 de Janeiro e emplacar uma pauta positiva nesta semana.
A principal demanda do Palácio do Planalto e de seus porta-vozes na Câmara é, neste momento, que Motta coloque em votação no plenário e trabalhe pela aprovação do projeto da reforma do Imposto de Renda, sob relatoria de seu antecessor no comando da Casa, Arthur Lira (PP-AL).
Parlamentares da base de Lula avaliam que a semana passada, quando a Câmara aprovou a PEC da Blindagem e o regime de urgência para o projeto da anistia, foi “péssima” e “deletéria” para a imagem da instituição e do próprio Motta. Por esse raciocínio, o presidente da Casa precisaria, agora, agir “rápido” para reverter o estrago.
“Ele precisa, urgentemente, ter uma pauta que tire o foco da negatividade da semana passada e aponte algo de interesse do país”, disse um desses deputados ao Radar, em condição de reserva.
Representantes dessa ala governista que dialoga com o Centrão afirmam ter particular dificuldade de entender o cálculo político de Motta ao articular a aprovação da PEC da Blindagem, dado que ela foi massacrada na opinião pública, caminha para uma derrota anunciada no Senado e ainda pode ser derrubada pelo STF.
Seguindo essa lógica, a emenda constitucional que confere a deputados e senadores o poder de impedir o Supremo de abrir um processo criminal contra seus colegas e dá foro privilegiado a presidentes de partidos políticos expôs negativamente Motta e a Câmara e, muito provavelmente, não vai dar em nada.
