O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) usou sua participação na festa anual da Liga, partido de ultradireita italiana, para fazer um pedido direto ao governo da Itália: que a deputada federal Carla Zambelli não seja extraditada para o Brasil. Zambelli está presa em Roma desde o fim de julho, depois de fugir do Brasil ao ser condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a dez anos de prisão, por envolvimento na invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça. Enquanto aguarda o julgamento de seu processo na Justiça italiana, pesa contra ela a possibilidade de ser enviada de volta ao Brasil para cumprir a pena.
“Peço que a Itália não mande Zambelli de volta, porque lá ela poderá morrer injustamente na prisão”, declarou o senador, que subiu ao palco cerca de duas horas após o início do evento, em Pontida, no norte da Itália, na manhã deste domingo, 21. Flávio também usou o espaço para justificar a fuga de Zambelli para o país italiano, declarando ser “um local mais seguro que o Brasil.
Na sequência, o senador acusou o governo de Luiz Inácio Lula da Silva de abrir mão da soberania nacional ao permitir o avanço de interesses estrangeiros, citando a China como exemplo. “A China está comprando o Brasil inteiro, de minerais a terras férteis”, afirmou. Flávio acrescentou que cabe à direita “resistir” para evitar que o país seja tomado pelo comunismo, reforçando o lema de que a bandeira brasileira “jamais será vermelha”.
Critica à imprensa e STF
O senador também criticou o ministro Alexandre de Moraes, relator da condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe em 2022, e estendeu as críticas à imprensa, a quem atribuiu responsabilidade por episódios de violência contra lideranças da direita: a facada em Bolsonaro em 2018, o atentado contra Donald Trump em 2024 e o assassinato do ativista americano Charlie Kirk.
“Grande mídia, parem de mentir sobre nós […] Vocês têm parcela de responsabilidade na facada em Jair Bolsonaro, no tiro em Donald Trump e no assassinato de Charlie Kirk. Por influência de vocês, extremistas acreditaram estar fazendo algo de bom ao tentar nos matar”, disparou.
O discurso terminou em italiano, com uma adaptação do lema bolsonarista : “Itália sopra tutto, Dio sopra tutti”. Da plateia, um pequeno grupo de apoiadores agitava bandeiras brasileiras e exibia cartazes com “Free Bolsonaro”.
Visita à Zambelli
A visita de Flávio à Itália também incluiu uma passagem pela prisão de Rebibbia, em Roma, onde Zambelli está detida. Ele foi acompanhado pelos senadores Damares Alves (Republicanos-DF), Eduardo Girão (Novo-CE) e Magno Malta (PL-ES), além do deputado Cabo Gilberto (PL-PB). Após a reunião de cerca de duas horas, o senador voltou a defender que a pena da aliada seja cumprida em solo italiano, em regime domiciliar.
“Faço um apelo ao ministro da Justiça da Itália para que permita a Carla cumprir a sentença aqui, em prisão domiciliar”, disse Flávio, reiterando sua ofensiva contra a extradição.