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A vida de Sérgio Mamberti, o mordomo Eugênio de ‘Vale Tudo’ em 1988

Um dos atores que mais contribuíram para a arte no Brasil, Sérgio Mamberti (1939 – 2021) esteve em grandes produções televisivas, como Vale Tudo (1988) no qual viveu o mordomo Eugênio, e foi uma das maiores vozes políticas de sua época – não à toa que é um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT). Com a rica trajetória do artista em mente, o diretor Evaldo Mocarzel montou o documentário Sérgio Mamberti – Memórias do Brasil e a minissérie documental de três episódios Sérgio Mamberti, Memórias de um Ator Brasileiro, gravada com o ator ainda vivo. “Estou há cinco anos nesse projeto. Era muito próximo do Serginho e ficávamos falando de cinema e infância dele em Santos. Um dia estava em São Paulo para gravar um filme com a Vera Hodes que atrasou dez dias. Me encontrei com o Sérgio com a equipe e perguntei se ele toparia gravar por uma semana e ele topou”, diz Evaldo à coluna GENTE.

Tanto o longa-metragem quanto a minissérie foca na carreira e vida de Sérgio de maneira intimista, no entanto, apenas o seriado conta com a participação do ator ainda vivo. Evaldo conta que o caminho do ator no teatro nem sempre foi linear: em certo momento, chegou a duvidar do seu ofício. “Na década de 1960, as drogas eram vistas como forma de expansão mental. Em um dos espetáculos que fez no Rio de Janeiro, todo o elenco decidiu usar ácido e no meio da peça Sérgio disse que não queria mais ser ator, que aquilo não fazia mais sentido”, conta. O diretor afirma que o veterano abandonou o palco por momentos, revolta que durou até se encontrar com um outro amigo de profissão que estava na plateia. “Um artista que conheceu na praia entrou no teatro enaltecendo a arte e isso devolveu todo o amor que ele tinha pela carreira”.

Na vida política, Evaldo mostra no documentário como Sérgio foi um dos pioneiros na pauta da diversidade na política. “Ele foi secretário da diversidade durante oito anos do governo Lula e quatro no governo Dilma. Sérgio promoveu essa discussão porque, além de artista, ele era um ser político”. De fato, o ativismo fazia parte da vida do ator. Apesar de ter morrido muito antes da estrondosa quantidade de artistas fazendo publicidade, ele era há tempos crítico dessa postura. “Ele era contra a mercantilização do artista que obviamente tem que ganhar dinheiro, tem que sobreviver, tem que sustentar, mas ele sempre se manteve firme no seu ofício, sem perder a dimensão da semeadura política e social”. 

Um de seus trabalhos mais marcantes foi como mordomo em Vale Tudo. Segundo Evaldo, Eugênio, hoje interpretado por Luis Salém, era um dos seus personagens prediletos pela bagagem cultural que tinha. “Eugênio era muito rico na trama original porque analisava o assassinato da Odete Roitman de maneira cinematógrafica, citando filmes e séries policiais. Sergio acreditava que ele era um alter ego do próprio Gilberto Braga”, revela. 

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