O número de pessoas com 100 anos ou mais vivendo no Japão chegou a 99.763 em setembro. Esse é o 55º ano consecutivo no qual o recorde de centenários é quebrado no país, conhecido por ter a maior expectativa de vida do mundo. As informações foram divulgadas pelo Ministério da Saúde local na semana passada.
Em uma carta enviada aos centenários na segunda-feira 15, dia nacional do idoso, o ministro da Saúde, Takamaro Fukoka, os parabenizou pelos “muitos anos de contribuição para o desenvolvimento da sociedade”. O envio da mensagem é algo tradicional na data, e acompanha uma taça de prata.
O aumento registrado foi de 4,9%, com 4.644 centenários a mais do que em 2024. A prefeitura de Shimane, no leste do país, teve a maior proporção de idosos a cada 100 mil habitantes — 168,7 —, ficando em primeiro lugar no ranking pelo 13º ano consecutivo. As mulheres representam a esmagadora maioria dos habitantes de 100 anos ou mais, sendo 88% da amostra total. Ou seja, 87.784 japonesas atingiram ou ultrapassaram a marca etária, comparado com somente 11.979 homens.
O habitante mais velho do país, inclusive, é uma mulher: a idosa Shigeko Kagawa, de 114 anos. Moradora de Nara, Shigeko é uma médica aposentada e foi uma das portadoras da tocha olímpica durante os Jogos de Tóquio em 2021. Entre os homens, o recorde fica com o morador da cidade costeira de Iwata, Kioytaka Mizuno, de 111 anos.
Entre as razões por trás da longevidade, especialistas destacam três pontos principais: 1) a boa qualidade da alimentação — sem grandes quantidades de sal e rica em peixes e vegetais; 2) a tendência a permanecer ativo mesmo com idade avançada; e 3) a redução no número de mortes por formas comuns de câncer.
Nem sempre foi assim. Durante os anos 1960, o Japão tinha a menor proporção de pessoas com mais de 100 anos entre todos os países do G7, grupo das sete maiores economias do mundo. Para efeito de comparação, em 1963, existiam somente 153 centenários no país.
O outro lado da moeda é que a terra do sol nascente também é um dos locais que envelhecem mais rapidamente no planeta, em decorrência de uma baixa taxa de natalidade. A inversão da pirâmide etária trás enormes desafios, em especial para a economia, uma vez que 30% da população já tem 65 anos ou mais.
Diversos estudos lançam desconfiança sobre a validade dos números, apontando que erros de dados, registros públicos não confiáveis e certidões de nascimento ausentes podem inflar o exército de centenários. Outra preocupação é relacionada a erros de contagem, uma vez que investigações do governo revelaram que pelo menos 230 mil pessoas acima de 100 anos nos arquivos, na verdade, haviam morrido há décadas. Para as autoridades, a falha pode ser atribuída à presença de registros irregulares e suspeitas de que famílias escondam a morte de parentes para reivindicar suas pensões.