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Mafioso com patrimônio bilionário no Brasil começa a ser julgado na Itália

A Justiça italiana em Palermo começou a audiência preliminar de julgamento de Giuseppe Calvaruso, apontado pelas autoridades como chefe de um dos clãs da máfia siciliana Cosa Nostra, que levantou patrimônio de 500 milhões de euros, o equivalente a 3,1 bilhões de reais, em esquema de lavagem de dinheiro nos estados do Rio Grande do Norte e Paraíba a partir de 2016. O chefe do grupo mafioso foi preso em 2021 quando deixou o Brasil para passar a Páscoa com familiares no sul italiano.

De acordo com informações do Ministério Público Federal (MPF), entre os investimentos das empresas fictícias no Brasil, foram identificados um restaurante de luxo em Natal, apartamentos em Cabedelo (PB), uma casa de luxo em um resort em Bananeiras (PB) e um grande loteamento residencial no município de Extremoz (RN), parcialmente financiados com lucros de tráfico de drogas e de extorsão praticados na capital siciliana. O grupo de Calvaruso também enfrenta processos em território brasileiro. 

fotos encontradas no celular de Calvaruso sobre reformas e empreendimentos no Brasil
Fotos encontradas no celular de Calvaruso sobre reformas de um empreendimento no BrasilMPF/Reprodução

Para as autoridades italianas, toda movimentação financeira no Brasil servia apenas para lavar dinheiro para a Cosa Nostra. De acordo com o portal Palermo Today, a investigação contra Calvaruso começou a partir do momento em que a Guarda de Finança encontrou uma mala com 600 mil euros em um hotel de Rimini, na Emília-Romanha, em uma transação financeira envolvendo Calvaruso. É nesse período em que Calvaruso começa os investimentos fictícios nos estados do Nordeste brasileiro, aponta a acusação. Sempre questionado, Calvaruso nega ser integrante da Cosa Nostra e diz ser apenas um empreendedor tentando trabalhar.

Tommaso Buscetta

Não é a primeira vez que a máfia siciliana atua de forma expressiva no Brasil. A organização mafiosa teve um dos principais nomes de seu grupo vivendo no Brasil: Tommaso Buscetta, o “Don Masino”. Na década de 1970, o palermitano comandou o tráfico de heroína e cocaína para América do Norte. Preso em 1972,  o siciliano foi extraditado para o país de origem. À época, ele afirmou que “São Paulo era o melhor lugar do mundo” e que um dia retornaria. Depois de cumprir pouco mais de míseros cinco anos de prisão, Buscetta foi solto e, de fato, retornou ao Brasil até ser preso definitivamente em outubro de 1983. Na ocasião, um detalhe chamou atenção. O mafioso se defendia dizendo estar no Brasil apenas para tocar negócios, como atuar na compra e venda de gados. Ele se transformou no primeiro grande delator da máfia e viveu até morrer, em 2000, sob escolta para não ser alvo de vingança.

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