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Pequi: o ‘ouro do Cerrado’ que pode proteger rins, coração e fígado

Na culinária da região central do país, o pequi move paixões. Há quem não suporte nem o cheiro do fruto amarelo, mas também há um time de pessoas que não dispensa o sabor marcante dele para acompanhar as refeições. Para este segundo grupo, as notícias são boas: estudos recentes têm revelado cada vez mais benefícios à saúde da inclusão do “ouro do Cerrado” na dieta.

Um estudo publicado em abril no periódico Plant Foods for Human Nutrition, por exemplo, indicou que óleo preparado com o alimento pode ter efeitos benéficos para prevenir e até ajudar a tratar doenças nos rins, incluindo a doença renal crônica (DRC).

Para Vivian Serra da Costa, nutricionista sênior do Hospital Municipal Iris Rezende Machado –  Aparecida de Goiânia (HMAP), unidade pública em Goiás administrada pelo Einstein Hospital Israelita, o estudo mostra dados animadores. “Ao ser testado em ratos, o óleo de pequi foi capaz de reduzir marcadores de inflamação sistêmica e proteger o tecido renal de lesões induzidas por toxinas ou doenças metabólicas. É um dado relevante, mas se trata de um modelo experimental em animais e é preciso ainda aprofundar as pesquisas em humanos para entender como ocorre esta ação nefroprotetora”, afirma.

Além de analisar o impacto para os rins, o levantamento reuniu evidências sobre a ação antioxidante e anti-inflamatória do pequi para a saúde. Esses compostos já haviam sido apontados em análises anteriores feitas em animais como potenciais protetores cardiovasculares, segundo um estudo de 2017, e como redutores do colesterol LDL, o colesterol ruim, em uma análise de 2020. Uma análise de 2016 chegou a sugerir efeitos do óleo de pequi para reduzir lesões causadas pelo câncer no fígado.

A nutricionista Vanessa Freitas, coordenadora de nutrição do Hospital Estadual de Urgências de Goiás (HUGO), unidade pública também gerida pelo Einstein em Goiânia, alerta que, apesar dos benefícios, o alimento não deve ser pensado como substituto de tratamentos. “Sabemos que o pequi possui ação antioxidante e tem gorduras com ação cardioprotetora. Então sabemos que indiretamente ele pode favorecer a saúde vascular. Ainda não temos evidências robustas dos efeitos protetores para o fígado ou do impacto nos rins, especialmente pensando que o pequi in natura é rico em potássio, que pode ser prejudicial a pacientes com DRC”. Por isso, ela ressalta que os efeitos do consumo devem ser avaliados caso a caso, sempre com acompanhamento e orientação de profissionais de saúde.

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Afinal, faz bem comer pequi?

De cor amarela intensa e caroço recoberto por espinhos, o pequi exige cuidado no consumo, mas é amplamente usado na culinária regional em preparos como conservas, óleos e o tradicional arroz com pequi. Além do valor cultural, destaca-se por ser fonte de gorduras boas, carotenoides, vitamina E, fibras e minerais como potássio, magnésio e cálcio.

A nutricionista Gabrieli Comachio, conselheira do Conselho Regional de Nutrição da 1ª Região (CRN-1), os bioativos do pequi, entre eles betacaroteno, luteína e zeaxantina, fazem dele um aliado da saúde. Ela lembra, porém, que uma dieta equilibrada depende da variedade de nutrientes, não de um único alimento.

“O pequi é um alimento funcional com propriedades interessantes à saúde humana em todas as fases da vida, mas é importante lembrar que, por melhores propriedades que um alimento apresente, consumir isoladamente e em abundância não é capaz de suprir todas as necessidades do organismo. A nossa saúde depende da sinergia entre diferentes nutrientes, e não de um único composto”, afirma.

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Segundo as especialistas consultadas pela Agência Einstein, o pequi pode ser um aliado da saúde quando consumido em uma alimentação equilibrada. Suas vitaminas A e E reduzem riscos cardiovasculares e preservam a visão; as fibras beneficiam o intestino e aumentam a sensação de saciedade; e seus nutrientes ainda contribuem para manter o colesterol sob controle.

Melhor forma de consumo

Do ponto de vista nutricional, a melhor forma de consumir o pequi é in natura. No entanto, como ele costuma ser utilizado em pratos cozidos ou fritos, a recomendação é acrescentá-lo apenas no final do preparo, mantendo-o aquecido por pouco tempo para preservar suas propriedades. Já o congelamento da polpa é uma boa alternativa para conservar a maioria das vitaminas e garantir o consumo mesmo fora da temporada.

É importante, porém, ter cautela ao provar o fruto: seu caroço é recoberto por espinhos finos que podem causar lesões se mordidos. Embora reações alérgicas sejam raras, elas podem acontecer. Por ser bastante calórico, o pequi também exige moderação em dietas voltadas ao controle de peso. O mesmo vale para o óleo extraído do fruto — o ideal é limitar o uso a 1 a 2 colheres de chá (5 a 10 ml) por dia e evitar empregá-lo em frituras.

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