A operação da Polícia Federal desta quarta-feira, 17, que desarticulou um esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e pagamento de propinas em licenças ambientais teve como um dos alvos um ex-membro da cúpula da corporação. Rodrigo de Melo Teixeira, que agora ocupava um cargo de direção do Serviço Geológico do Brasil, um órgão do governo federal, foi diretor da Polícia Federal por um período do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Porém, esse não é o primeiro e nem o único vínculo dele com gestões petistas. Entre 2015 e 2016, ele foi secretário de Defesa Social de Minas Gerais durante a gestão de Fernando Pimentel (PT), que, por sua vez, foi ministro do Desenvolvimento de Dilma Rousseff.
Entre 2019 e 2022, quando Belo Horizonte era comandada pelo então prefeito Alexandre Kalil, Teixeira foi secretário adjunto de Segurança do município. Kalil foi aliado de Lula em várias ocasiões e, no começo do mês, se filiou ao PDT. Ele deve voltar à cena nas eleições de 2026, fazendo oposição a nomes da direita mineira.
Segundo a PF, Teixeira é suspeito de ser sócio oculto de uma das empresas que foi beneficiada pelo esquema que teria obtido um lucro de 1,5 bilhão de reais de forma ilícita.
Teixeira ingressou na Polícia Federal em 1999 e, entre 2023 e 2024, foi diretor de Polícia Administrativa da corporação. Quando Jair Bolsonaro tomou a facada em Juiz de Fora na campanha de 2018, Teixeira era o superintendente da PF no estado. Depois da vitória do ex-presidente, ele foi exonerado do cargo.
Preso pela suspeita de integrar um esquema de crimes ambientais, Teixeira também presidiu, entre 2016 e 2018, a Fundação Estadual do Meio Ambiente.
Diretor da ANM
Batizada de Operação Rejeito, por conta dos investigados atuarem no setor de mineração, a força-tarefa cumpriu 79 mandados de busca e apreensão e fez 22 prisões em todo o país. Segundo os investigadores, os alvos mantinham um esquema de corrupção para facilitar a liberação de licenças ambientais e autorizações que não deveriam ter sido concedidas, permitindo a exploração irregular de minério de ferro. Alguns locais mirados pelos suspeitos são áreas tombadas e próximas de perímetros preservados.
Caio Mário Seabra Filho, que ocupava até então o cargo de diretor da Agência Nacional de Mineração (ANM), também foi preso na operação desta quinta. Entre os que foram parar atrás das grades, está também Leandro César Ferreira de Carvalho, servidor da ANM em Minas que já foi alvo de outras operações policiais por corrupção no setor de mineração e terminou, em abril deste ano, exonerado do cargo.