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Saúde 5.0: como a IA tem transformado a medicina

Você fala, fala, fala e o médico parece que não está nem aí. Conhece essa sensação? Eu arriscaria que quase todo mundo tem uma história chata do tipo para contar. Mas, se a inserção de inteligência artificial na rotina dos consultórios seguir como planejam os especialistas, isso será coisa do passado.

É que as máquinas podem deixar os médicos mais… Como dizer? Mais humanos, talvez. E fazem isso se encarregando de anotar tudo o que o paciente relatar, deixando o profissional da saúde 100% livre para prestar atenção na gente. Essa é uma das frentes que caracterizam a chamada saúde 5.0 – pois é, hoje em dia tudo vai ganhando numeração, até medicina.Para entender melhor, conversei com um expert na área: Lélio Souza Jr., vice-presidente de Soluções para Práticas Médicas da Afya, hub de educação e tecnologia que é um dos gigantes do segmento.

VEJA: Qual é a principal diferença da Saúde 5.0 em relação às versões anteriores?
Lélio Souza Jr.: Esses números denotam marcadores de evolução tecnológica. Agora, o diferencial é o advento da IA generativa, com assistentes que aumentam a capacidade do médico. Além disso, há sensores e dispositivos coletando dados sobre sono, alimentação e atividade física, que se transformam em suporte para a saúde.

Existe uma intenção de, em vez de esperar a pessoa ficar doente, usar IA para prevenir que isso aconteça?
O primeiro ponto, até anterior, é a tecnologia permitir que o médico dê mais atenção ao paciente e se desonere de trabalhos administrativos. O segundo ganho é ser mais preciso no diagnóstico e nas condutas recomendadas. Por meio do que a gente chama de inteligência expandida, aumentamos a capacidade do médico de recomendar tratamentos adequados.

Na prática, no consultório, isso quer dizer o quê? A IA vai ouvir o que o paciente está dizendo?
Numa consulta tradicional, o médico dividia a atenção entre o paciente e as anotações. Agora, com um assistente de IA, ele pode concentrar 100% da atenção na pessoa que está ali com ele. A IA registra toda a consulta, o que enriquece muito o histórico do paciente. Em seguida, essa mesma IA auxilia o médico no diagnóstico e na recomendação de condutas. Nunca substitui o médico, mas aumenta sua capacidade.

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As pessoas não têm receio de a consulta ser toda gravada, de os dados vazarem?
Existe esse receio, que é legítimo. São dados sensíveis, mas já há protocolos e leis para proteger. As soluções cuidam para anonimizar e tornar seguro, evitando vazamentos.

O que o médico precisa aprender para se adaptar a essa nova realidade?
Precisa estar aberto a experimentar novas tecnologias. À medida que adota, vê o valor e passa a usar naturalmente. Essas soluções reduzem atividades administrativas e são intuitivas. É importante ter parceiros reconhecidos no mercado que zelem pela segurança e armazenagem dos dados.

 Que novas tecnologias de IA estão chegando? O que deve chegar primeiro ao dia a dia dos pacientes brasileiros?
Temos assistentes por voz em consultas, que já se popularizam. A IA já auxilia em pré-diagnósticos e hipóteses diagnósticas, recomenda condutas e processa imagens médicas para identificar anomalias. Também há inovações como usar a voz como marcador de doenças crônicas. Cada vez mais o médico vai prescrever não só medicamentos e vacinas, mas também apps e tecnologias para monitoramento contínuo.

No dia a dia, qual é o maior desafio para traduzir essas inovações para a rotina dos médicos?
Na medicina não há espaço para alucinações da IA. A tolerância ao erro é menor. O foco deve ser segurança e simplicidade. A tecnologia precisa ser fácil de usar, dar produtividade e liberar tempo para o médico cuidar do paciente.

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