O assassinato do ativista conservador Charlie Kirk, de extrema direita, na semana passada levantou acusações de que a “esquerda radical”, como definiu o presidente Donald Trump, foi responsável por ceifar “muitas vidas”. O líder americano também alegou que “a maior parte da violência ocorre na esquerda”. Mas um estudo do think tank americano Cato Institute, divulgado na última quinta-feira, 11, contraria a versão do republicano e mostra que a direita matou seis vezes mais do que a esquerda em atentados nos Estados Unidos.
A pesquisa calculou que 3.599 pessoas foram mortas em ataques terroristas com motivação política nos EUA entre 1º de janeiro de 1975 e 10 de setembro de 2025 — incluindo, portanto, o assassinato de Kirk por um atirador, identificado como Tyler Robinson. Deles, 83% fazem referência às vítimas de 11 de setembro, reivindicado pelo grupo terrorista Al Qaeda. Em segundo lugar, aparece a direita como responsável por 11% das mortes, o que representa 391 pessoas. Em seguida, surge a esquerda, com 2%, ou 65 vítimas.
Sem levar o 11 de setembro em conta, a direita lidera com 63% das vítimas (391) de atentados terroristas enquanto a esquerda aparece com 10% (65). Seis vezes mais, portanto. O levantamento também faz um recorte considerando apenas atentados a partir de 2020. De 81 mortes, 54 foram causadas por agressores de direita; 22% por de esquerda; e 21% por islâmicos.
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Em ambos os casos, “lesões e danos materiais são excluídos, terroristas que morreram em seus ataques não são contabilizados como vítimas e pessoas inocentes mortas pela resposta policial a um ataque são contabilizadas como mortas pelo terrorista”, alerta o estudo.
“O leitor motivado pode analisar esses números de diferentes maneiras, contar crimes de ódio marginais como ataques terroristas com motivação política, atribuir diferentes motivações ideológicas ao agressor individual e ainda concluir que a ameaça à vida humana desses tipos de ataques é relativamente pequena”, afirma a análise. “Isso não serve de consolo para os prejudicados, e não deveria servir, mas é um fato. De qualquer forma, as vítimas da violência merecem justiça.”
“O governo pode e deve buscar vigorosamente justiça para Kirk e todos os outros assassinados por terroristas com motivações políticas, mas pode e deve fazê-lo sem novas caças às bruxas políticas, poderes governamentais ampliados e uma reativação da guerra contra o terrorismo. Além disso, todos nós deveríamos, pelo menos, perceber o quão incomum é o terrorismo com motivações políticas”, acrescenta.