O principal suspeito de assassinar o ativista conservador Charlie Kirk teria confessado o crime à pessoa com quem compartilhava o apartamento por meio de mensagens de texto. As informações foram divulgadas na terça-feira, 16, pela Promotoria Estadual de Utah.
Tyler Robinson, de 22 anos, estava envolvido em um relacionamento romântico com a mulher, que é trans. Sua identidade não foi divulgada. Ele teria admitido o crime por meio de um bilhete deixado escondido embaixo do seu teclado de computador.
A conversa entre Robinson e sua companheira aponta que o jovem planejou o assassinato de Kirk por “pouco mais de uma semana”, segundo autoridades policiais de Utah. Ele justificou o ato afirmando que “alguns ódios não podem ser negociados”. O suspeito esperava escapar e “guardar o segredo até morrer de velhice”.
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O material foi entregue aos investigadores pela própria colega de apartamento de Robinson e consta nos documentos judiciais do caso.
Veja as mensagens na íntegra:
Robinson: Pare o que está fazendo e olhe embaixo do meu teclado.
(Ao olhar sob o teclado, segundo autoridades de Utah, ela acha um bilhete que dizia: “Tenho a oportunidade de eliminar Charlie Kirk e vou aproveitar isso.”)
Colega de quarto: O quê?????????????? Você está brincando, né????
Robinson: Ainda estou bem, meu amor, mas vou ficar preso em Orem (cidade em Utah onde o crime ocorreu) por mais um tempo. Não devo demorar para voltar para casa, mas ainda preciso pegar meu rifle. Para ser sincero, esperava guardar esse segredo até morrer de velhice. Sinto muito por te envolver.
Colega de quarto: Não foi você quem fez isso, foi????
Robinson: Sim, desculpe.
Colega de quarto: Achei que eles tivessem pegado a pessoa?
Robinson: Não, eles pegaram um velho maluco e interrogaram alguém com roupas parecidas. Eu tinha planejado pegar meu rifle no ponto em que o deixei logo depois, mas a maior parte daquele lado da cidade foi bloqueada
Colega de quarto: Por quê?
Robinson: Por que fiz isso?
Colega de quarto: Sim.
Robinson: Estou cansado do ódio dele. Alguns ódios não podem ser negociados.
Robinson: Se eu conseguir recuperar meu rifle sem ser visto, não terei deixado nenhuma evidência. Vou tentar recuperá-lo, espero que eles já tenham ido embora. Não vi nada sobre o terem encontrado.
Colega de quarto: Há quanto tempo você está planejando isso?
Robinson: Acho que um pouco mais de uma semana. Posso chegar perto, mas tem uma viatura estacionada bem ao lado. Acho que já revistaram o lugar, mas não quero arriscar.
Robinson: Queria ter voltado e pegado o rifle assim que cheguei ao veículo. Estou preocupado com o que meu pai faria se eu não devolvesse o rifle ao meu avô… Não sei se tinha número de série, mas não me rastreariam. Estou preocupado com as impressões digitais. Tive que deixá-lo no arbusto onde troquei de roupa. Não tive tempo nem condições de trazê-lo comigo. Talvez eu tenha que abandoná-lo e torcer para não encontrarem impressões digitais. Como diabos vou explicar ao meu pai que o perdi?
Robinson: A única coisa que deixei para trás foi o rifle enrolado em uma toalha…
Robinson: Lembra que eu estava marcando as balas? As (trecho censurado) mensagens são praticamente um meme. Se eu vir ‘notices bulge OwO what’s this’ (frase gravada nas munições) na Fox News, vou ter um ataque cardíaco. Bom, vou ter que parar, é uma (trecho censurado)… A julgar pelo dia de hoje, eu diria que a arma do vovô funciona muito bem, sei lá. Acho que era uma mira de 2 mil dólares.
Robinson: Exclua esta conversa.
Robinson : Meu pai quer fotos do rifle… Ele diz que o avô quer saber quem tem o quê. O FBI divulgou uma foto do rifle, e é muito original. Ele está me ligando agora, mas não atendi.
Robinson : Desde que Trump assumiu o poder, (meu pai) tem sido um MAGA bastante fanático (referência ao movimento do presidente Donald Trump, sigla que significa “Torne os Estados Unidos Grandes Novamente”).
Robinson: Vou me entregar voluntariamente. Um dos meus vizinhos aqui é delegado do xerife.
Robinson: Você é tudo com que me preocupo, amor.
Colega de quarto: Estou muito mais preocupada com você.
Robinson: Não fale com a mídia, por favor. Não dê entrevistas nem faça comentários. … se algum policial lhe fizer perguntas, peça um advogado e fique em silêncio.
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Relembre o caso
Charlie Kirk foi morto no dia 10 de agosto, enquanto participava de um evento promovido pela sua organização, a Turning Point USA, na Universidade do Vale de Utah. O ativista foi alvejado no pescoço enquanto debatia com participantes sobre temas polarizantes, como violência por armas de fogo, e o vídeo do momento circulou de maneira estonteante nas redes sociais, desencadeando uma discussão global a respeito do atentado.
Aliado próximo de Donald Trump, Kirk era considerado uma figura polêmica dentro da política americana. Muito querido entre os conservadores, ele era visto como um cristão devoto, forte defensor do direito ao porte de armas e apontado como alguém capaz de manter debates respeitosos com aqueles de quem discordava.
Por outro lado, o campo progressista tecia duras críticas a Kirk, considerado um retrógrado no que diz respeito aos direitos de pessoas LGBTQIA+ e alguém que promoveu notícias falsas sobre a covid-19. O influenciador também recebeu constantes acusações de xenofobia, principalmente relacionada a muçulmanos.
A morte do ativista que tornou-se uma das mais relevantes vozes jovens na extrema direita americana, tendo sido responsável por conquistar o voto das novas gerações para Trump na campanha de 2024, dividiu as principais plataformas digitais. Embora autoridades progressistas e membros do Partido Democrata tenham vindo a público condenar o incidente, bem como qualquer episódio de violência política, alguns usuários comemoraram a morte de Kirk. Isso desencadeou uma campanha de exposição por parte de internautas conservadores para tornar a vida dessas pessoas o mais infernal possível, e também levou autoridades do governo Trump, inclusive o próprio presidente, a prometerem uma repressão ao “terrorismo de esquerda” e à suposta “rede de ONGs e organizações políticas” que fomentariam agressões.