counter Israel abre ‘rota temporária’ para fuga da Cidade de Gaza; ONU denuncia deslocamento forçado – Forsething

Israel abre ‘rota temporária’ para fuga da Cidade de Gaza; ONU denuncia deslocamento forçado

Israel anunciou nesta quarta-feira, 17, que abriu uma nova rota “temporária” para moradores da Cidade de Gaza fugirem, um dia depois de lançar uma intensa ofensiva terrestre no maior aglomerado urbano do território palestino. Prometida há meses, a invasão veio depois bombardeios massivos à região, iniciativas justificadas pela necessidade de “desmantelar os últimos bolsões do Hamas”. As Nações Unidas voltaram a condenar o deslocamento forçado de palestinos, afirmando que a jornada para longe dali será uma “ameaça mortal para os mais vulneráveis”.

O Exército israelense “anuncia a abertura de uma rota temporária de transporte pela rua Salah al-Din”, disse o porta-voz Avichay Adraee em um comunicado. Ele acrescentou que “a rota ficará aberta por apenas 48 horas”.

De acordo com as Nações Unidas, no final de agosto, cerca de um milhão de pessoas viviam na Cidade de Gaza e arredores. O local tornou-se uma espécie de campo de refugiados a céu aberto composto por moradores de áreas ainda mais destruídas do enclave, muitas em tendas ou abrigos improvisados. Nos últimos dias, as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) lançaram panfletos de aviões ordenando que as pessoas deixassem a cidade, ou corressem o risco de serem pegas no fogo cruzado. Houve um novo êxodo e, segundo os militares israelenses, “mais de 350 mil” já haviam fugido em direção ao sul até esta quarta.

Muitos palestinos, porém, insistem que não há lugar seguro no enclave. Alguns entrevistados pela agência de notícias AFP disseram que preferem morrer em suas casas do que serem deslocados novamente.

Na terça-feira, Israel enviou tanques e blindados, controlados de forma remota e carregados de explosivos, às ruas da Cidade de Gaza, dando início à ofensiva terrestre. A decisão de seguir em frente com o plano de ocupar totalmente a região ocorreu apesar de críticas crescentes da comunidade internacional e das conclusões de uma comissão da ONU, que na terça-feira 16 afirmou que os atos israelenses em Gaza equivalem a “genocídio”. O Ministério das Relações Exteriores do país rejeitou o relatório da comissão, dizendo que o texto era “distorcido e falso”.

Continua após a publicidade

O Exército israelense afirmou esperar que a ofensiva na Cidade de Gaza leve “vários meses”, marcando o primeiro passo do plano para assumir o controle do maior centro populacional do território. Os militares estimam que haja entre 2 mil e 3 mil combatentes do Hamas no centro da cidade.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou que os objetivos da ofensiva eram “derrotar o inimigo e evacuar a população”, omitindo qualquer menção à libertação dos reféns ainda em posse do Hamas, que até então era um dos principais propósitos da guerra. Famílias dos sequestrados e seus apoiadores protestaram perto da residência de Netanyahu em Jerusalém na terça-feira, acusando-o de abandonar seus filhos à própria sorte.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, disse estar claro que Israel não tem interesse em um resultado pacífico.

Continua após a publicidade

“Israel está determinado a ir até o fim e não está aberto a uma negociação séria para um cessar-fogo, com consequências dramáticas do ponto de vista de Israel”, disse Guterres.

Falando do sul do enclave, Tess Ingram, da UNICEF, descreveu o deslocamento forçado em massa de famílias como uma “ameaça mortal para os mais vulneráveis”.

“É desumano esperar que quase meio milhão de crianças, espancadas e traumatizadas por mais de 700 dias de conflito implacável, fujam de um inferno para acabar em outro”, insistiu.

Os habitantes da Cidade de Gaza estão sendo empurrados, juntamente com dezenas de milhares de outros palestinos, para “uma suposta zona humanitária” que abrange Al-Mawasi e áreas vizinhas, disse Ingram. Segundo ela, o destino dos deslocados é “um mar de tendas improvisadas, desespero humano” e serviços “insuficientes” para sustentar os que já vivem lá — que dirá mais gente.

Publicidade

About admin