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Diante de ondas de calor mais frequentes e intensas, China acelera adaptação de cidades

A China enfrenta um verão cada vez mais intenso, com ondas de calor que quebram recordes históricos e afetam milhões de pessoas.

Entre março e julho de 2025, o país registrou um número sem precedentes de “dias quentes”, com temperaturas iguais ou superiores a 35°C,  atingindo 46,8°C em Xinjiang, segundo a Administração Meteorológica da China (CMA).

Para lidar com os impactos, o governo intensificou políticas de adaptação, incluindo alertas enviados por mensagens de texto à população, recomendações para evitar atividades ao ar livre e a suspensão parcial das aulas em cidades como Wuhan e Chengdu.

Trabalhadores expostos ao calor têm horários reduzidos ou proibição de atividades quando a temperatura ultrapassa 37°C, com restrições totais acima de 40°C.

Além disso, o setor elétrico vem sendo reestruturado para lidar com o aumento da demanda causada pelo uso de ar-condicionado e eletrônicos durante ondas de calor.

O novo modelo, denominado “integração geração-rede-carga-armazenamento”, permite que consumidores reduzam ou deslocem o consumo em horários de pico, garantindo maior confiabilidade e eficiência energética.

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Especialistas, como Cai Wenjia, da Universidade Tsinghua, destacam que previsões precisas e alertas antecipados são fundamentais para reduzir impactos na saúde e na economia, funcionando como o primeiro passo crítico para a adaptação às ondas de calor.

Os dados mostram que 2024 foi o ano mais quente registrado na China, com temperaturas consistentemente altas durante todas as estações, enquanto 2022 teve mais dias consecutivos de calor extremo, com 79 dias seguidos em regiões centrais e orientais.

Estações meteorológicas de províncias como Gansu, Xinjiang, Hubei e Sichuan registraram recordes históricos.

O verão chega cada vez mais cedo em regiões como Hainan, Yunnan e Xinjiang, prolongando o período de risco e aumentando os impactos sobre a população e a agricultura.

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As ondas de calor afetam de forma significativa a saúde pública, a produção agrícola e a economia.

Populações vulneráveis, como idosos e gestantes, sofrem mais. Em 2023, mais de 30 mil mortes foram atribuídas às ondas de calor, quase o dobro da média histórica, enquanto partos prematuros aumentaram significativamente em anos de calor extremo.

Secas e calor intenso afetaram mais de 11 milhões de pessoas em 2024, destruindo mais de 1,2 milhão de hectares de cultivo, com prejuízos diretos de 8,4 bilhões de yuan (aproximadamente R$ 70 bilhões).

Projeções indicam que, até 2060, perdas econômicas relacionadas ao calor podem atingir até 4,9% do PIB chinês, dependendo do cenário de aquecimento global, afetando principalmente construção, indústria extrativa e manufatura não metálica, além de gerar impactos indiretos em cadeias de produção globais, incluindo Sudeste Asiático, África e América do Sul.

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O aumento das temperaturas também pressiona o setor elétrico, com recordes de consumo.

Em julho de 2025, a China consumiu mais energia em um único mês do que o Japão em todo 2024, com aumento de 18% na demanda residencial devido ao calor e ao uso crescente de ar-condicionado.

A estratégia do país visa integrar consumidores ativos na gestão da demanda, incentivando redução ou deslocamento do uso de eletricidade durante picos.

Cientistas confirmam que as ondas de calor extremas estão diretamente ligadas às emissões humanas de gases de efeito estufa.

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Eventos como o recorde de 52,2°C em Xinjiang, em julho de 2023, seriam extremamente raros em um mundo sem mudanças climáticas causadas pelo homem, sendo atualmente esperados a cada cinco anos.

Outros fatores, como urbanização e mudanças nos padrões de circulação atmosférica, amplificam os efeitos do calor.

Diante deste cenário, a China intensifica esforços para reduzir vulnerabilidades e aumentar a resiliência, combinando políticas de alerta, proteção da população, medidas de adaptação agrícola e modernização da rede elétrica.

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