O poder inebria e, segundo um ex-chanceler, Gustavo Petro também se embebeda de maneira tradicional, com uísque. Seja qual for a substância inebriante, seu mais recente absurdo foi recebido com uma reação unânime:m nas redes sociais: ”Que nojo”.
Mas não é difícil imaginar como Petro se acha o máximo por dizer coisas como “uma mulher livre faz o que quer com seu clitóris e com seu cérebro; se souber equilibrar os dois, será uma grande mulher”. Pelo menos, usou o termo mais aceitável, ao contrário de seu amigo brasileiro quando fez declarações irreproduzíveis sobre essa parte do corpo feminino.
O site Infobae registrou uma das reações mais veementes, a da professora universitária Maria Cristina Hurtado: “Sou feminista social-democrata de esquerda, votei neste governo, lutei pelos direitos humanos das mulheres e da infância durante grande parte da minha vida; agora nos chamam de ‘feministas de direita por exigir que respeitem nossas conquistas, sou desrespeitada por alguém em que votei”.
Outro simpatizante, Andrés Forero, anotou: “Só no delirante e decadente mundo de Gustavo Petro o modo como utilizar o clitóris das mulheres é objeto de discussão numa reunião de ministros”.
Para complicar, Petro também está sendo criticado pela forma como tratou publicamente a diretora do programa de substituição de cultivos ilícitos, Gloria Miranda, uma mulher muito bonita de cabelos ruivos e olhos azuis. Petro colocou o braço em seu ombro e brincou “nós a perdemos”, uma referência ao casamento da funcionária. O tipo de piada imprópria para um ato público, ainda mais por parte de um presidente.
IDENTIDADE FLUÍDA
As questões de gênero, por assim dizer, estão provocando uma daquelas discussões em que a esquerda se especializa, com aspectos surreais. Petro nomeou como ministro da Igualdade um homem que usa maquiagem e declara ter identidade fluída, Juan Carlos Florián. Provavelmente achava que estava lacrando, mas uma ação na justiça embargou a nomeação por desrespeitar a lei de cotas para homens e mulheres no gabinete ministerial.
O representante do governo declarou que a autoidentificação de Florián deveria bastar para preencher a questão das cotas. As críticas de feministas foram atribuídas à “direita”.
As maluquices de Petro seriam relevadas se ele tivesse o que apresentar como chefe de governo, mas seus péssimos índices de aprovação. O plano de “paz total”do ex-guerrilheiro tem sido um fracasso completo, a praga do terrorismo ressurgiu na Colômbia com atentados que mostram a força de ex-companheiros ideológicos do presidente e suas declarações estapafúrdias envergonham o país.
Conhecido defensor da descriminalização, ele veio ao Brasil para dizer que “se amanhã a cocaína fosse legalizada no mundo, não haveria máfia”. Ele já defendeu a cocaína até em discurso na ONU e incentiva os propagadores da ideia de que o combate às drogas fracassou – ao contrário do que aconteceu em seu próprio país, quando o poder dos cartéis foi controlado, embora não, obviamente, extinto.
‘MENTIRA FÁTICA’
O narcotráfico e o vício em drogas são problemas altamente complexos, com uma multiplicidade de fatores, mas uma realidade é inescapável: os países onde os traficantes prosperam sofrem um grave enfraquecimento das próprias instituições, como acontece em quase toda a América Latina.
O governo americano acabou de descertificar a Colômbia no combate às drogas, acusando Petro de permitir um aumento histórico do cultivo de coca. O presidente colombiano reagiu dizendo que era “uma mentira fática”.
Todo mundo está vendo que o governo Trump decidiu intensificar o combate ao tráfico e classificar os cartéis como organizações terroristas, o que permite atos como os bombardeios contra embarcações de traficantes venezuelanos.
Líderes inteligentes como a presidente do México, Claudia Sheinbaum, colaboram com os Estados Unidos, defendendo ao mesmo tempo as prerrogativas nacionais. Líderes como Petro reagem com palavras agressivas. E falam na dosimetria entre clitóris e cérebro das “grandes mulheres”. Uma besteira talvez se sobreponha à outra – ou assim desejaria seu autor. Pode ser também que ele não esteja usando exatamente a cabeça quando fala essas coisas. Em qualquer hipótese, os colombianos é que se dão mal.
Numa amostra do que será a disputa presidencial no ano que vem, já barbaramente manchada pelo assassinato do pré-candidato Miguel Uribe, Petro está envolvido no momento numa briga com Abelardo de la Espriella. Advogado empresário e eventual ator, além de produtor de rum, o pré-candidato entrou com uma ação contra o presidente no Tribunal Penal Internacional e foi acusado por ele de apoiar grupos paramilitares, a maneira mais comum de desqualificar candidatos de direita. “Com toda a droga que você consome, você é um dos maiores financiadores – além de sócio – do narcotráfico”, respondeu De la Espriella. A campanha promete.