Tarcísio de Freitas cancelou a viagem que faria a Brasília na segunda-feira, 15, onde tinha compromissos políticos até a manhã desta terça, 16. Mas o gesto não altera em nada a essência de sua estratégia. O governador de São Paulo segue sendo o mais dedicado herdeiro do projeto bolsonarista. Nos bastidores, ele vinha articulando o avanço do PL da Anistia, conversando com Hugo Motta, Davi Alcolumbre e circulando pelo Centrão.
O cálculo é simples: uma anistia ampla poderia beneficiar Jair Bolsonaro, condenado pelo STF por tentativa de golpe de Estado, e, em troca, abrir espaço para que Tarcísio receba a “bênção” do ex-presidente em 2026.
Nas últimas semanas, mostrei como o governador mergulhou de vez nessa pauta. Organizou jantares no Palácio dos Bandeirantes com Silas Malafaia e o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, trabalhou diferentes versões do texto da anistia e acabou apoiando uma redação “mais moderada”. O objetivo é pacificar a família Bolsonaro e consolidar-se como o nome viável da direita em 2026.
No 7 de Setembro, Tarcísio foi além. Em pleno ato na Avenida Paulista, atacou Alexandre de Moraes, defendeu uma anistia “ampla” e escancarou sua adesão irrestrita ao discurso radical bolsonarista. Nunca houve ambiguidade. Tarcísio sempre esteve do lado do extremismo, enquanto o país tenta reconstruir as instituições fustigadas por Bolsonaro.
A condenação de Bolsonaro pelo STF abriu a disputa pela sucessão da extrema direita. Ratinho Júnior, Romeu Zema, Ronaldo Caiado e Michelle Bolsonaro aparecem na lista, mas todos sabem que o aval do ex-presidente continua sendo decisivo.