O governo dos Estados Unidos ampliou, no início desta semana, as medidas contra pessoas acusadas de comemorar a morte de Charlie Kirk, influenciador conservador e aliado próximo de Donald Trump, assassinado a tiros na quarta-feira passada durante um evento na Universidade do Vale de Utah. Enquanto o vice-presidente J.D. Vance pede que cidadãos sejam denunciados a seus empregadores, o secretário de Estado Marco Rubio confirmou o bloqueio de vistos a estrangeiros que publicaram mensagens comemorativas.
Em uma edição especial do Charlie Kirk Show — podcast apresentado diariamente por Kirk antes do atentado — nesta segunda-feira, 15, Vance defendeu que norte-americanos que celebraram o crime nas redes sociais sejam expostos e até denunciados a seus locais de trabalho. “Não acreditamos em violência política, mas acreditamos em civilidade. Denunciem, e se for o caso, liguem para o chefe deles”, afirmou. No mesmo episódio, Stephen Miller, vice-chefe de gabinete da Casa Branca, prometeu “desmantelar as redes terroristas de esquerda” supostamente ligadas ao assassinato — apesar de a polícia ter declarado que o suspeito preso agiu sozinho.
Desde então, médicos, professores, jornalistas e até um agente do Serviço Secreto foram suspensos ou demitidos por comentários considerados ofensivos sobre Kirk. O agente teve a autorização de segurança revogada após escrever em uma rede social que o apresentador “semeava ódio e racismo em seu programa” e concluir: “no fim do dia, você responde a Deus e traz à existência aquilo que fala”.
Casos semelhantes se multiplicaram. Em Michigan, funcionários de uma empresa de materiais de escritório foram demitidos depois que um vídeo mostrou o grupo se recusando a imprimir cartazes para uma vigília em homenagem ao influenciador. Professores e jornalistas também foram afastados de universidades e redações. Karen Attiah, colunista veterana do Washington Post, afirmou nas redes socias que foi desligada do jornal após uma série de postagens comentando a morte de Kirk.
Diante este cenário, juristas lembram que a Primeira Emenda protege cidadãos contra censura do Estado, mas não limita a autonomia de empresas privadas para punir funcionários.
Caçada a usuários
No âmbito diplomático, o secretário de Estado Marco Rubio confirmou que os EUA estão negando vistos a estrangeiros identificados em postagens que celebraram o assassinato. Segundo ele, consulados receberam instruções para monitorar redes sociais e barrar autorizações de entrada. “Se você comemora a execução de alguém em praça pública, não queremos você em nosso país”, disse, sem detalhar quantos vistos já foram cancelados.
A ofensiva também inclui ações do Departamento de Justiça. A procuradora-geral Pam Bondi afirmou que o governo “irá atrás” de quem praticar discurso de ódio nas redes. “Se você cruzar a linha para ameaças de violência, isso não é protegido pela Primeira Emenda”, declarou em um podcast.