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Cultura da periferia vira diferencial de empresa de casting

Nos últimos anos as favelas brasileiras passaram a atrair muito mais atenção do mercado — não só como territórios a serem apoiados por programas sociais, mas como mercados consumidores e provedores de talentos. No Brasil, as favelas reúnem 17 milhões de moradores, que movimentam 300 bilhões de reais por ano. Diferente do que prega o censo comum, morar em comunidade não é sinal necessariamente de falta de renda, nem muito menos de talento. Trata-se de um celeiro de jovens, conectados e em crescimento, que despertam o interesse de novos empreendedores.

Com essa perspectiva, recentemente surgiu a Quebrada em Cena, empresa paulista de casting, que seleciona e capacita potenciais talentos de Paraisópolis, a terceira maior favela do país, para trabalhar em grandes eventos. A empresa surgiu da experiência de duas décadas de Adriane Zagari, fundadora da HZ, agência de seleção para trabalhos de publicidade, desfiles e shows, e da visão de negócios do jornalista Marcello D’Angelo, ex-secretário de comunicação da capital paulista, que teve um intenso contato com a periferia durante a passagem pela Prefeitura. “Antes contratávamos apenas modelos altas e magras para os eventos”, diz Adriane. Depois ela percebeu que para muitas ocasiões, interessava mais o conteúdo do que apenas a boa estampa dos selecionados. Para a Casa Cor, por exemplo, ela optou por contratar estudantes de arquitetura, como forma de agregar mais valor ao atendimento.

Ao enxergar a efervescência cultural da região, D’Angelo teve a ideia de “conectar marcas, pessoas e mundos diferentes” e para isso idealizou a Quebrada em Cena, que abriu em parceria com Adriane.  Para aumentar os laços com a comunidade, os sócios elegeram um embaixador, Jonathan Alves Lima, modelo, de 29 anos, que nasceu em Paraisópolis, chegou a mudar com a família para Salvador, mas voltou para a região. Multiartista, ele cria conteúdos para áudio visual, além e participar de desfiles e eventos.  “A Quebrada em Cena abre as portas para muitas pessoas talentosas, que precisam de oportunidade para trabalhar”, diz Jonathan. Muitas vezes, quando preencheu cadastro de emprego, escutou o conselho para não colocar o endereço de onde morava. “Ainda existe muito preconceito. ”

No mercado brasileiro, existem dois modelos distintos de empresas que utilizam a favela como banco de talentos: de um lado estão companhias privadas, que instalam unidades dentro das comunidades e contratam diretamente os moradores, como a Konecta, que opera em Paraisópolis com foco em atendimento e serviços. Outros atuam com grupos empresariais especializados em transformar a favela em plataforma de negócios. É o caso da Favela Holding e sua agência Infavela, que oferece serviços de logística, marketing, casting e staff para eventos e marcas, recrutando e capacitando moradores para atender demandas externas. A Quebrada em Cena se encaixa no segundo modelo, mas com um recorte bem específico e cultural, que não modela os candidatos aos lugares, mas valoriza a essência e estética que cada um traz na bagagem, justamente como diferencial do trabalho.

Leia:

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+https://veja.abril.com.br/economia/favelas-brasileiras-76-dos-moradores-tem-ou-querem-ter-um-negocio/

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