Pelo menos um em cada dez palestinos que vivem na Faixa de Gaza foi morto ou ferido desde o início da guerra, há quase dois anos, segundo o ex-chefe das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês), general Herzi Halevi. “Há 2,2 milhões de pessoas em Gaza. Hoje, mais de 10% foram mortos ou feridos — mais de 200 mil pessoas”, afirmou Halevi em um encontro com moradores da comunidade de Ein HaBesor, no sul de Israel, na semana passada.
A estimativa chama atenção por ser próxima aos números divulgados pelo Ministério da Saúde de Gaza, que afirma que as forças israelenses já mataram cerca de 65 mil palestinos e feriram mais de 164 mil desde outubro de 2023. Ao longo do conflito, autoridades israelenses questionaram repetidamente os dados do ministério, acusando-o de depender de informações fornecidas pelo Hamas.
As declarações de Halevi foram feitas na última terça-feira, mas só ganharam repercussão neste fim de semana, quando veículos israelenses divulgaram o áudio do evento. Publicações independentes confirmaram com participantes do encontro que o ex-chefe militar fez os comentários.
Halevi foi o comandante do Exército durante os primeiros 17 meses da guerra e renunciou ao cargo em março, após assumir a responsabilidade pelas falhas que permitiram o ataque do Hamas contra comunidades no sul israelense em 7 de outubro de 2023. Naquele dia, 1.200 pessoas, em sua maioria civis, foram executadas, enquanto outras 251 foram sequestradas e levadas para Gaza como reféns.
Ele também comentou sobre as acusações da direita israelense contra a principal advogada militar das IDF, a major general Yifat Tomer-Yerushalmi, acusada de limitar operações e “impedir a vitória” contra o Hamas. Halevi negou que tenha sofrido qualquer restrição por parte da jurista. “Ninguém nunca me limitou. Nem a procuradora militar. Aliás, ela não tem autoridade para me restringir”, disse ele.
Um porta-voz das Forças de Defesa de Israel disse que o Exército não comentaria “assuntos discutidos em conversas fechadas”.