O Ministério da Defesa do Reino Unido informou nesta segunda-feira, 15, que a partir do próximo ano, estudantes israelenses terão a entrada negada no Royal College of Defense Studies, instituição voltada ao desenvolvimento de líderes militares e administrada pela pasta. A medida acontece em resposta à escalada nas operações militares de Israel na Faixa de Gaza.
“A decisão do governo israelense de intensificar ainda mais sua operação militar em Gaza está errada”, disse um porta-voz do Ministério da Defesa ao jornal britânico The Telegraph. “Portanto, tomamos a decisão de suspender a futura participação israelense em cursos ministrados pelo Reino Unido”. A proibição não se aplica somente aos militares israelenses, mas sim a qualquer cidadão do país.
Tel Aviv respondeu imediatamente à medida, considerada “discriminatória”. Por meio de uma carta, o diretor-geral do Ministério da Defesa israelense, Amir Baram, declarou que a ação rompe com a tradição britânica de tolerância e decência. “A exclusão de Israel é um ato profundamente desonroso de deslealdade a um aliado em guerra”, disse ele, um ex-aluno da instituição.
O diretor-geral também afirmou que a decisão acontece em um momento no qual Israel está “defendendo o transporte marítimo internacional da agressão dos hutis (rebeldes xiitas do Iêmen apoiados pelo Irã), impedindo que armas nucleares caiam nas mãos de um regime islâmico que grita ‘Morte à Inglaterra’ (em referência a Teerã) e lutando para trazer para casa 48 reféns do cativeiro do Hamas”.
Segundo o governo britânico, os cursos militares do país exigem o cumprimento do direito internacional humanitário. Essa não é a primeira medida promovida pelo país em resposta à guerra em Gaza. No início deste mês, autoridades israelenses foram proibidas de participar da maior feira de armas do Reino Unido. Já no ano passado, o primeiro-ministro, Keir Starmer, suspendeu 30 das 350 licenças de exportação de armas britânicas a Israel.
+ Ao lado de Rubio, Netanyahu diz que Israel deve se preparar para isolamento internacional
Embora seja considerado um aliado histórico de Tel Aviv, o Reino Unido vem pressionando o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu a dar um fim a crise humanitária em Gaza. Em julho, Londres afirmou que reconheceria oficialmente o Estado da Palestina na Assembleia Geral da ONU, marcada para a próxima semana, caso Israel não cesse os ataques que afetam a população civil do enclave e se comprometa com um processo de paz de longo prazo.
Netanyahu respondeu com fúria às ações promovidas pelo governo de Starmer, acusando seu homólogo britânico de “recompensar o Hamas”. Em 2024, o primeiro-ministro israelense afirmou que “assim como a posição heroica do Reino Unido contra os nazistas é vista hoje como vital na defesa de nossa civilização comum, a história também julgará a posição de Israel contra o Hamas e o eixo de terror do Irã”.
No início deste mês, Israel desencadeou uma ofensiva em larga escala contra a Cidade de Gaza, maior aglomerado urbano do enclave palestino. A operação é parte do plano israelense de assumir o controle da segurança da região, visando a desmilitarização do território, controlado atualmente pelo Hamas.