O Partido Social Democrático (PSD) reúne alguns de seus principais líderes nesta sexta-feira, 12, em Florianópolis, capital de Santa Catarina, para discutir suas prioridades na Câmara dos Deputados e reforçar internamente sua posiçãp cada vez mais forte no cenário nacional.
O evento trata-se do tradicional encontro semestral da bancada federal do partido, no entanto, não são esperados apenas os 45 deputados federais que tem entre seus filiados. Outros nomes de peso e importância da legenda já confirmaram presença, como é o caso dos governadores do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e do Paraná, Ratinho Jr. — que são pré-candidatos à Presidência da República –, além da governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, e do presidente nacional da legenda, Gilberto Kassab.
A expectativa é a de que esses atores alinhem entre si as principais pautas do partido para os próximos meses, devendo colocar em destaque a disputa presidencial de 2026, apoio ou não à anistia irrestrita e geral no Congresso e sua crescente força nacional.
A escolha de Santa Catarina para sediar o evento ocorre pelo fato de o estado ficar no meio do caminho entre os outros dois da região Sul que já governados pelo PSD. Além disso, o prefeito da capital, Topázio Neto, também é filiado à sigla.
“Esse evento era mais restrito antes a Brasília e deve passar a acontecer por vários estados para demonstrar uma imagem fortalecida da legenda, como aquela que possui mais prefeitos em todo o país, disse uma fonte ligada”, disse uma fonte ligada a uma importante liderança. Antes de Santa Catarina, o PSD já se reuniu no Rio de Janeiro e na Bahia, e também já chegou a tentar fazer um evento semelhante em Belo Horizonte, Minas Gerais, mas desmarcou por causa da morte do então prefeito Fuad Noman à época.
Na noite da quinta-feira, 11, membros do partido já se reuniram em Balneário Camboriú (SC), que também é comandada por uma prefeita filiada à legenda, Juliana Pavan. Na ocasião, a condenação a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de estado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo STF foi alvo de críticas.
“Precisamos parar de atacar pessoas e começar a discutir o que realmente importa. Por causa dessa polarização, Bolsonaro foi condenado injustamente hoje. Esse não é o projeto de uma pessoa, é o projeto de um partido pelo bem do estado [brasileiro]”, declarou o presidente do diretório catarinense do PSD, Eron Giordani.
Apesar de estar se posicionando, cada vez mais, como oposição a Lula, o PSD tem três ministérios no governo e costuma ser um partido de centro e moderado, com integrantes que representam um vasto espectro ideológico. No entanto, a realização do evento em um dos estados mais bolsonaristas do país (Bolsonaro teve mais do que o dobro dos votos de Lula no estado em 2022), pode ser mais uma sinalização sobre o futuro da sigla.
Atualmente, o PSD integra na Câmara o mesmo bloco que o PL, União Brasil, PP, Republicanos, MDB, PSDB, Cidadania e Podemos — que soma 363 parlamentares (70,8%). O segundo maior grupo é o da federação do PT, PCdoB e PV, que somam 80 deputados (15,6%).
Nomes de algumas lideranças fortes do PSD alinhadas ao governo Lula, como os dos senadores Otto Alencar (PSD-BA) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), podem ter sido escanteados no evento desta sexta em Florianópolis. O político baiano disse para a reportagem que não estará presente e que nem sabe qual é a pauta central. VEJA questionou à assessoria de imprensa do partido se eles chegaram a ser convidados, mas ainda não teve resposta sobre isso.