Na quinta-feira 11, todas as atenções se voltaram à ministra Cármen Lúcia, durante a votação que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro. Além de seu discurso contundente e decisivo para se obter maioria no STF, não teve como não reparar no cabelo da magistrada – muito bem arrumado, com fios polidos e bem alinhados e na tradicional tonalidade loira acinzentada, marca registrada de seu visual sóbrio, que associa elegância clássica a uma estética atualizada (não é de hoje que fios grisalhos, claros e brancos estão em alta entre mulheres poderosas).
Nesse dia histórico, o detalhe estético funcionou como como símbolo de presença, poder feminino e respeitabilidade, conectando a ministra a uma rede de mulheres que, ao longo da história, fizeram de seus cabelos — e da beleza em geral — instrumentos de expressão e autoridade. Helen Mirren transformou o platinado acinzentado em sinônimo de empoderamento feminino; Meryl Streep, desde “O Diabo Veste Prada”, consolidou o loiro frio e disciplinado como marca de elegância intelectual. No cenário político, Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu, e Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, também têm no corte claro e impecável uma extensão de sua imagem de poder.
No Brasil, um exemplo notório é o visual da ex-presidente Dilma Rousseff, que na época em que surgiu com o cabelo bem mais curto, com corte assinado pelo badalado cabeleireiro Celso Kamura, em uma coletiva de imprensa, chegou a ser mais comentado que as questões políticas. Não à toa, até hoje mantém os fios impecáveis.
Estilo como ferramenta de expressão
Bom ressaltar que essa força de expressão feminina não se restringe ao cabelo. Cada vez mais as mulheres, principalmente em posições de destaque, entendem e se utilizam da moda, de penteado e da beleza como linguagem estratégica. Foi assim com Kamala Harris, que durante as eleições americanas exibiu tailleurs em cores carregadas de significado político e cabelos sempre bem escovados, reforçando consistência e presença. A rainha Elizabeth II também transformou suas roupas de coloridas e acessórios de cabeça — chapéus e coroas — em símbolos imediatos da realeza, que a destacavam na multidão e a tornavam “visível de longe” ao povo.
Ainda na realeza britânica, a princesa Diana fez do corte curto sua marca registrada como um símbolo de independência e modernidade, enquanto Kate Middleton mostrou, recentemente, como tem plena consciência da força da imagem que construiu: retornou ao castanho após clarear os fios para o loiro e entender que não funcionou justamente por sua identidade pública estar profundamente associada ao tom natural.
Nesse contexto, se insere o visual impecável de Cármen Lúcia. Assim como outras líderes globais, ela mostra que cabelo é muito mais do que um detalhe estético: é ferramenta de comunicação, extensão de poder e tradução de autoridade. Na sessão que marcou a condenação de Bolsonaro, o voto da ministra foi decisivo. Mas foi impossível não notar como seus fios, arrumados e iluminados, também falaram por ela.
Veja looks marcantes de mulheres poderosas:









