counter Datas: Rick Davies, Angela Ro Ro e David Baltimore – Forsething

Datas: Rick Davies, Angela Ro Ro e David Baltimore

A banda britânica Supertramp se espalhou pelo planeta com uma particularidade: muitos fãs nunca admitiram a adoração pelo grupo, possivelmente por serem “caretas”, no avesso do lugar-comum destinado aos roqueiros embebidos de drogas e sexo; ou talvez em decorrência da versatilidade fluida do som que produziam. Costuma-se colar ao quinteto original o rótulo de rock progressivo, mas as músicas de maior sucesso não tinham nada a ver com suítes pseudoclássicas típicas do gênero. No entanto, venderam LPs como pão quente, desde 1969, quando vieram ao mundo, com mais de 60 milhões de discos — ainda ecoam no Spotify, há relançamentos, mas agora com discrição.

Outra característica singular: o Supertramp não tinha um frontman típico. Os dois compositores se revezavam nos vocais, muitas vezes em ótimos duetos, com a voz aguda de Roger Hodgson fazendo contraponto aos graves de Rick Davies, autor de alguns sucessos da trupe, como Good­bye Stranger, Cannonball e My Kind of Lady. Davies lidava desde 2015, afastado dos palcos, com um mieloma múltiplo, um tipo de câncer que se desenvolve na medula óssea. Ele morreu em 6 de setembro, aos 81 anos. Hodgson se mantém ativo, celebrando até hoje as mesmas velhas canções em shows nostálgicos que, vira e mexe, passam pelo Brasil.

“Amor, meu grande amor”

CORAGEM - Angela Ro Ro: a rouquidão de uma mulher sem medo
CORAGEM - Angela Ro Ro: a rouquidão de uma mulher sem medoFábio Seixo/Agência O Globo/.

A voz rouca da menina logo a fez ser apelidada de Ro Ro, e então Angela Maria Gonsalves virou Angela Ro Ro. Em 1980, ao misturar blues, samba-canção, bolero e rock, influenciada por Ella Fitzgerald, Maysa e Elis Regina, ela explodiu com um sucesso ainda hoje ruidoso, Amor, Meu Grande Amor, sinônimo de uma mulher corajosa, que nunca teve medo de revelar a homossexualidade em um Brasil ainda muito mais conservador do que hoje: “Amor, meu grande amor,/Não chegue na hora marcada/Assim como as canções/Como as paixões e as palavras”. Ela morreu em 8 de setembro, aos 75 anos, de infecção pulmonar.

O segredo dos vírus

REVELAÇÃO - Baltimore, Nobel de 1975: chave dos tratamentos antivirais
REVELAÇÃO - Baltimore, Nobel de 1975: chave dos tratamentos antivirais./Reprodução
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Laureado em 1975 com o Prêmio Nobel de Medicina com apenas 37 anos, o americano David Baltimore ajudou a revolucionar o conhecimento sobre como os vírus se apoderam das células do corpo humano. Pesquisador baseado no Instituto de Tecnologia de Massachusetts, ele descobriu que vírus formados por RNA (como o HIV, da aids) conseguem, por meio de uma enzima, se inserir e usar o DNA da célula hospedeira para se replicar. A descoberta alterou um paradigma da biologia: o de que a única via de transformação das informações genéticas em ações mediadas por proteínas se daria do DNA em direção ao RNA. Nesse caso, as ordens partem na direção contrária, do RNA viral para o DNA da célula humana. Tal revelação foi fundamental para a criação de tratamentos antivirais. Baltimore morreu em 6 de setembro, aos 87 anos, de câncer.

Publicado em VEJA de 12 de setembro de 2025, edição nº 2961

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