Com o placar em 2 a 1 pela condenação dos réus da cúpula da trama golpista na Primeira Turma do STF, será a vez de a ministra Cármen Lúcia abrir a votação no quinto dia de sessões sobre a denúncia da PGR contra Jair Bolsonaro e mais sete réus envolvidos no plano de golpe de Estado.
Se tudo seguir como o esperado na Corte, além de Cármen, o presidente do colegiado, Cristiano Zanin, deve fechar o placar do julgamento nesta quinta, votando logo após a ministra.
Cármen vai votar depois do longo e surpreendente voto de 12 horas proferido pelo ministro Luiz Fux, nesta quarta-feira, que absolveu Bolsonaro e outros réus do golpe, condenando como mentores da trama os ex-auxiliares presidenciais Mauro Cid e Walter Braga Netto.
A expectativa é de que a ministra inclua em seu voto duros recados ao colega, que tratou de abraçar as teses das defesas dos réus nesta quarta. Ela passou o dia fazendo anotações sobre as considerações do colega.
Acusado pela PGR de ser o líder da conspiração que pretendia assassinar Lula e Geraldo Alckmin, destituir e até matar ministros do STF e instalar um governo de exceção no país, Bolsonaro pode ser condenado a penas que superam os 40 anos de prisão.
São julgados, nessa etapa do caso, os seguintes réus:
Jair Bolsonaro, ex-presidente;
Mauro Cid, delator e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da Abin;
Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha;
Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
General Augusto Heleno, ex-ministro do GSI;
Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil.
Em fases anteriores do processo, Cármen já deixou claro que entende que houve, sim, uma tentativa de golpe de Estado durante o governo Bolsonaro.
“Felizmente o golpe não deu certo, temos democracia no Brasil e temos o Supremo atuando como sempre atuou”, disse ao tornar o ex-presidente os outros integrantes da cúpula do esquema réus em março.
Último a votar, o presidente do colegiado, Cristiano Zanin, destacou, ao receber a denúncia, a qualidade das provas reunidas pela PGR contra os réus.
“Há uma série de elementos aqui a amparar a denúncia que estamos a analisar. Longe de ser uma denúncia amparada exclusivamente em uma delação premiada, o que se tem aqui são diversos documentos, vídeos, dispositivos, diversos materiais que dão amparo aquilo que foi apresentado pela acusação”, disse.
Depois dos votos desta quinta, os ministros vão discutir e definir as penas dos condenados nesta sexta-feira.