O ministro Luiz Fux surpreendeu ao pedir a nulidade de todo o processo contra Jair Bolsonaro e sete réus por tentativa de golpe, alegando vícios de origem e incompetência do STF. Como mostrou a coluna Radar, da VEJA, ao levantar a tese da “incompetência absoluta” da Corte, Fux abriu caminho para que todo o caso seja futuramente anulado, caso uma nova maioria no Supremo seja formada após 2026 — movimento que deu fôlego político ao bolsonarismo.
A avaliação foi imediatamente celebrada pela defesa de Bolsonaro. “Lavou nossa alma”, disse o advogado Celso Vilardi, em frase registrada pela coluna Maquiavel, também da VEJA. Não à toa, os bolsonaristas correram para as redes com hashtags como “Fux Honra a Toga” e falaram em “luz no fim do túnel”.
Mas a posição deixou perplexos colegas: se Fux considera o STF incompetente para julgar, por que atuou em centenas de processos dos chamados “peixes pequenos” do 8 de janeiro? Durante a sessão, como registrou a VEJA, ministros permaneceram em silêncio, anotando sem parar, certamente preparando contrapontos.
O contraste é ainda mais evidente porque Fux viveu na pele a tensão de setembro de 2021, quando, à frente do STF, passou a madrugada acordado diante da ameaça de invasão e até de implosão do prédio. Agora, minimiza fatos que antes descreveu como “o momento mais delicado” de sua gestão.
