A Polônia convocou uma reunião de segurança da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) nesta quarta-feira, 10, horas após a força aérea polonesa abater drones russos que invadiram seu espaço aéreo durante um ataque à Ucrânia. Essa é a primeira vez que um membro da organização realiza um ataque direto dentro do contexto da guerra entre Kiev e Moscou, que já dura três anos.
“A notícia de que teremos informações completas sobre o que aconteceu na Polônia dentro de 48 horas me levou a decisão de convocar o Conselho de Segurança Nacional”, disse o presidente do país, Karol Nawrocki, em uma declaração ao parlamento polonês.
Varsóvia acionou o artigo 4 do tratado da aliança, que permite reuniões urgentes quando um membro tem sua segurança ameaçada. O mecanismo foi usado somente sete vezes desde 1949, com o acionamento mais recente acontecendo em 2022, após a invasão russa ao Donbass.
O primeiro-ministro do país, Donald Tusk, declarou que um “enorme número de drones russos” violou o espaço aéreo do país entre a noite de terça-feira, 9, e a madrugada desta quarta. Aeroportos do país foram fechados, e o ministro da defesa polonês, Wladyslaw Kosiniak-Kamysz, disse que o comando da Otan havia sido informado do episódio e estava em contato direto com as autoridades de Varsóvia.
Mais de dez drones foram rastreados pelo comando operacional da Polônia, que disse ter neutralizado aqueles que representariam uma ameaça. Quatro drones foram destruídos, com o último sendo abatido às 6h45 no horário local (1h45 no horário de Brasília). De acordo com o comando, buscas por possíveis locais de queda estavam em andamento com apoio aéreo da Otan.
“Isso marca um precedente extremamente perigoso para a Europa”, disse o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. “É necessária uma resposta forte – e só pode ser uma resposta conjunta de todos os parceiros: Ucrânia, Polônia, todos os europeus, os Estados Unidos”, instou o mandatário. Segundo Zelensky, Moscou direcionou 415 drones e 40 mísseis no último ataque noturno ao país.